A guerra é a continuação da política por outros meios
Troca de mensagens entre assessores de Donald Trump mostra objetivo de atacar o ex-presidente democrata Joe Biden

Um dos principais teóricos da guerra é Carl Von Clausewitz, um general da Prússia, que cunhou a expressão "a guerra é a continuação da política por outros meios".
Sua ideia básica era que, ao deflagrar a guerra, governantes buscam alcançar objetivos políticos dentro de seus países.
Nas conversas entre os assessores do presidente Donald Trump que vazaram na segunda, 24, esse princípio ficou evidente.
No grupo de mensagens trocadas pelo aplicativo Signal, o conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz incluiu sem querer o jornalista Jeffrey Goldberg, da revista The Atlantic.
Goldberg, então, divulgou o conteúdo das mensagens em que os assessores de Trump discutiam sobre iniciar um ataque ao grupo terrorista Houthis, no Iêmen.
Curiosamente, nas mensagens, pouco se fala sobre os objetivos que tradicionalmente levam a uma declaração de guerra, como a busca de segurança por meio da destruição de uma ameaça iminente ou a conquista de territórios que podem gerar riquezas.
Nas conversas pelo Signal, os pontos que são destacados por Pete Hegseth (à esquerda, na foto), um apresentador de televisão que virou secretário de Defesa, têm a ver principalmente com a mensagem que será enviada para o público americano.
Biden falhou
Em uma das mensagens enviadas por Hegseth para o vice-presidente JD Vance (à direita, na foto), o secretário detalhou quais eram as principais questões, sob o seu ponto de vista.
"Vice-presidente: eu entendo suas preocupações — e apoio totalmente que você trate disso com o presidente Trump. Considerações importantes, sendo que a maioria delas é difícil saber como se desenrolam (economia, paz na Ucrânia, Gaza, etc.)", escreveu Hegseth.
Quando fala sobre economia, Hegseth se mostra preocupado em como uma nova guerra terá impacto no bem-estar dos americanos.
Os americanos, afinal, votaram em Trump em 2024 porque o republicano tinha a promessa de melhorar a economia e tirar os Estados Unidos das "guerras inúteis" pelo mundo. O que eles estão fazendo agora é o oposto disso.
Mas o desafio de explicar a necessidade da guerra para os americanos seria ainda mais difícil, principalmente porque os americanos mal sabem onde fica o Iêmen ou quem são os Houthis.
"Acho que a mensagem será difícil, não importa o que aconteça – ninguém sabe quem são os Houthis – e é por isso que precisaríamos nos manter focados em: 1) Biden falhou e 2) Irã financiou.”
Com essa mensagem, Hegseth mostra que queria usar a nova guerra para atacar o ex-presidente democrata Joe Biden, que segundo ele teria fracassado em lidar com o problema quando esteve na Casa Branca.
Clausewitz não poderia estar mais certo.
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