A cartinha do governo Lula para reclamar do 'tarifaço' de Trump
Documento é assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviaram na terça-feira, 15 de julho, uma carta ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio dos EUA, embaixador Jamieson Greer, para manifestar a "indignação" do governo Lula com a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
Estruturado em cinco tópicos, o documento diz que o Brasil tem "dialogado de boa-fé" com autoridades americanas desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, buscando alternativas para aprimorar o comércio bilateral entre os países.
A carta também cobra uma resposta à minuta confidencial, apresentada em 16 de maio, com propostas "contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas".
Por fim, Alckmin e Vieira dizem que o Brasil "permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas".
Eis a íntegra da carta:
"O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas.
2 . Desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano.
3. Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.
4. O Governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta.
5. Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral."
A carta de Trump
Quando anunciou o 'tarifaço' de 50% sobre produtos brasileiros, Trump enviou a Lula uma carta dizendo que a medida deve-se em parte "aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos".
Segundo o presidente americano, o Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro "emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro".
Trump também citou o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem tem feito acenos após a cúpula do Brics.
"Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual", diz Trump na carta.
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