Mateus Bonomi/Agif/Folhapress

Barros confirma reunião na casa de lobista com Luis Miranda, mas alega que não tratou de vacinas

29.06.21 22:12

Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (foto) foi às redes sociais para tentar rebater o deputado Luis Miranda, que, conforme noticiou Crusoé com exclusividade, relatou a interlocutores ter recebido uma oferta de propina durante reunião na casa do lobista Silvio Assis, com a presença do parlamentar, para não impor empecilhos à compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde.

No Twitter, Barros confirmou conhecer Assis e ter encontrado Miranda durante uma conversa na casa do lobista, mas negou ter tratado da negociação de imunizantes. “Quanto à matéria de Crusoé, conheço Silvio Assis. Estive em sua casa onde encontrei diversas autoridades e parlamentares, inclusive o Luís Miranda. Mas nunca tratei com ele tema relacionado às vacinas. Reitero que não participei de negociação referente a compra da Covaxin“, escreveu.

Como mostrou a revista, a reunião que contou com a participação de Barros aconteceu em maio. A certa altura, Silvio Assis, que demonstrava falar em nome da Precisa Medicamentos, a empresa brasileira que representa a Bharat Biotech e intermediou o negócio, disse a Luis Miranda que ele poderia ser muito bem recompensado caso aderisse à empreitada.

A conversa passou a envolver valores, conforme Crusoé apurou com fontes a par do episódio. Silvio Assis prometeu a Luis Miranda uma participação sobre cada dose da vacina que seria vendida ao Ministério da Saúde: 6 centavos de dólar. O deputado entendeu bem a proposta. Se aceitasse a “parceria”, poderia levar 1,2 milhão de dólares – ou 6 milhões de reais – se a venda das 20 milhões de doses da Covaxin para o governo fosse finalmente concluída.

Antes da reunião na casa de Assis, em 20 de março, Luis Miranda e o irmão dele e servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, haviam procurado Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada para denunciar os indícios de corrupção na aquisição da Covaxin. Naquela ocasião, o funcionário público disse ao presidente, inclusive, que havia se negado a assinar uma nota fiscal que autorizaria o pagamento antecipado de 45 milhões de dólares à Madison Biotech, offshore ligada à Bharat, cujo nome não constava do contrato, e localizada em Cingapura, um paraíso fiscal.

Segundo narrou Luis Miranda à CPI da Covid, ao ouvir os relatos, Bolsonaro, de pronto, disse que o esquema era “coisa” de Ricardo Barros e assegurou que acionaria o diretor-geral da Polícia Federal para a apuração do caso. Não há, contudo, registros de investigações sobre as irregularidades na negociação da Covaxin no sistema da PF. Barros, por sua vez, permaneceu no cargo de líder do governo na Câmara.

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