Delegado da 'Abin paralela' é um dos cotados para suceder Valeixo
Após o presidente Jair Bolsonaro avisar o ministro Sergio Moro de sua decisão de substituir o delegado Maurício Valeixo no comando da Polícia Federal e ser respondido com um pedido de demissão, recomeçaram em Brasília os burburinhos sobre quem seria o substituto na chefia da corporação. Três nomes de delegados são mais citados desde a...
Após o presidente Jair Bolsonaro avisar o ministro Sergio Moro de sua decisão de substituir o delegado Maurício Valeixo no comando da Polícia Federal e ser respondido com um pedido de demissão, recomeçaram em Brasília os burburinhos sobre quem seria o substituto na chefia da corporação.
Três nomes de delegados são mais citados desde a segunda investida de Bolsonaro, em janeiro, para tirar Valeixo da PF. São eles: Anderson Torres, Alexandre Ramagem e Fabiano Bordignon. Torres, o preferido de Bolsonaro, sempre foi rejeitado por Moro. Ramagem, que trabalhou na segurança da campanha, é próximo da família presidencial, especialmente do vereador Carlos, o filho 02 de Jair Bolsonaro. Bordignon, por sua vez, seria o preferido de Moro, desde que a saída de Valeixo ocorresse em um ambiente pacífico, sem imposição do Palácio do Planalto.
Atual secretário de Segurança do Distrito Federal, Torres tem relação direta com Bolsonaro. Seu nome já havia aparecido outras vezes entre os cotados para o posto de diretor-geral. Na corporação, ele não tem histórico operacional -- foi da associação de delegados e também trabalhou como assessor parlamentar, época em que conheceu o presidente.
Moro vê no secretário a pessoa por trás da vontade de Bolsonaro de trocar a chefia da PF. Em janeiro, durante a segunda investida do presidente para tentar trocar o comando da corporação, Torres chegou a dar entrevista defendendo a separação do ministério em dois: Justiça e Segurança Pública. À época, o ministro relatou a amigos seu desconforto com as articulações.
Fabiano Bordignon é próximo de Moro e foi escolhido por ele para comandar o Departamento Penitenciário Nacional, o Depen. Antes de ir para o ministério, o delegado chefiava a delegacia de Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira. Na PF, é visto como alguém que daria continuidade ao trabalho de Valeixo. Bordignon também foi diretor do presídio federal de segurança máxima em Catanduvas, no Paraná, para onde Moro mandava alguns de seus presos.
O delegado federal Alexandre Ramagem, por sua vez, é o atual diretor da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin. Seu nome é defendido pelo general Augusto Heleno, seu superior hierárquico no momento, e conta com o apoio de Carlos Bolsonaro. Como mostrou Crusoé, logo no início do governo o nome do delegado foi apresentado por Carlos ao Planalto como um dos indicados para formar o que o ex-ministro Gustavo Bebianno, morto recentemente, chamou de "Abin paralela" -- um núcleo de inteligência a ser montado dentro do palácio para investigar adversários do governo e jornalistas.
O plano de Carlos foi exposto por Bebianno durante uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Na ocasião, ele não revelou o nome do delegado. Mas Crusoé apurou, posteriormente, que Ramagem integrava uma lista de três nomes proposta por Carlos. Meses depois da ideia de Carlos, que não se sabe ao certo se foi levada a cabo, o delegado foi escolhido por Bolsonaro para chefiar a Abin -- não mais a paralela, mas a oficial.
Antes de ser nomeado para a agência, Ramagem atuou no combate ao crime organizado e na área de inteligência da própria PF. Ele se aproximou de Jair e de Carlos Bolsonaro ao ficar encarregado da segurança do então candidato do PSL na corrida presidencial de 2018. Ele assumiu a função após a facada sofrida por Bolsonaro em Juiz de Fora.
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