A derrota do fujimorismo e da esquerda tradicional no Peru
Nas eleições legislativas de 2016, o partido Fuerza Popular, de Keiko Fujimori (na foto, com o pai Alberto Fujimori), obteve 73 das 130 cadeiras do Congresso do Peru. Com 56% dos parlamentares, o fujimorismo foi a principal força legislativa no início do governo de Pedro Pablo Kuczynski, o PPK. Com o avanço da Lava Jato...

Nas eleições legislativas de 2016, o partido Fuerza Popular, de Keiko Fujimori (na foto, com o pai Alberto Fujimori), obteve 73 das 130 cadeiras do Congresso do Peru. Com 56% dos parlamentares, o fujimorismo foi a principal força legislativa no início do governo de Pedro Pablo Kuczynski, o PPK.
Com o avanço da Lava Jato peruana, PPK renunciou em 2018. No ano passado, seu sucessor, Martín Vizcarra, dissolveu o Congresso e convocou novas eleições, que foram realizadas neste domingo, 26.
O quadro que emerge é totalmente distinto das últimas eleições legislativas. O fujimorismo não chegou a 7% dos votos. Os vencedores foram partidos marginais na política peruana, agora muito mais fragmentada.
A sigla mais votada foi a Ação Popular (AP), de centro, com 18% dos votos (5% em 2016). A União pelo Peru (UPP) ficou em terceiro lugar. É dirigida por Antauro Humala, o irmão do ex-presidente Ollanta Humala que já liderou um levante militar. Defende a superioridade dos indígenas e a pena de morte para condenados por corrupção. Em quanto lugar ficou a Frente Popular Agrícola do Peru (Frepap), que pretende criar uma teocracia evangélica.
"O vitorioso desta eleição foi o voto de protesto. Esses partidos marginais tomaram o lugar do fujimorismo, que sem dinheiro e sem recursos não conseguiu sustentar o clientelismo tradicional", diz o cientista político peruano Carlos Meléndez, professor da Universidade Diego Portales, no Chile.
Outra surpresa é que o Apra, partido de esquerda criado em 1930 por Víctor Raúl Haya de la Torre e que teve no ex-presidente Alan García um dos seus líderes, ficou com apenas 2,5% dos votos. Sem alcançar a cláusula de barreira de 5%, o Apra ficará de fora do Congresso.
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Comentários (5)
Cap. Kirk
2020-01-27 18:02:35É a corrupção da "velha política" e a esquerdopatia que faz crescer esses partidos ditos "marginais" ou nanicos. Quando a corrupção e a liberalidade de costumes atinge picos insuportáveis, aliados a uma economia desfavorável, é normal que as pessoas escolham outros extremos, votem em caudilhos ou elejam representantes de instituições conservadoras e moralizadoras. O perigo está na radicalização permanente, após fechadas as feridas dos desgovernos, notadamente os irresponsáveis de esquerda.
Tania
2020-01-27 14:36:27Só na Argentina que esquerda ganha.
MARCIO
2020-01-27 13:48:35Pedro Pablo Kuczynski, o PPK...
Getulio
2020-01-27 13:28:10Por pobre e precariamente educado que seja o eleitor, não lhe é difícil reconhecer o estrago que a corrupção representa no plano pessoal e nacional. Votar bem é o desafio que todos enfrentamos, particularmente na América do Sul, onde a política, segundo Bolívar, equivale a lavrar e cultivar o oceano hostil. A revolta contra ineptos e corruptos -- independentemente de legendas, partidos ou facções -- é uma bandeira crescentemente visível na Região, na qual a carreira política é reduto de zumbis.
Jose
2020-01-27 13:06:40Normal. Quando os partidos tradicionais caem, as novas tendências políticas crescem. O problema é que estes novos partidos são apenas aglomerações de ingressos individuais sem proposta alguma para o país. Basta lembrar o partido que elegeu o Collor e, mais recentemente, o PSL. O que era ruim, acaba ficando muito pior!