Juiz preso na Faroeste tinha vida de luxo e usou avião de igreja para viajar

O Ministério Público Federal pediu a prisão temporária do juiz Sergio Humberto Sampaio após não encontrá-lo em sua residência, durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão expedido pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça. O magistrado e quatro desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia foram alvos da Operação Faroeste (foto), na terça-feira, 19, que investiga um esquema de venda de decisões judiciais de interesses de grileiros do oeste baiano. Sampaio foi preso no sábado, 23.

Na residência do juiz, no dia da busca, os agentes federais foram informados de que Sampaio havia viajado para Barreiras, no interior da Bahia. Para os investigadores, como o município é o “epicentro” do esquema de venda de decisões judiciais, a ida do magistrado para lá indicaria “possível atuação dele na proliferação de recursos criminosos”.

Na decisão em que autorizou a prisão do juiz, o ministro Og Fernandes transcreveu um trecho do relatório da Polícia Federal sobre o relato da viagem de Sampaio a Barreiras feito pela mulher do juiz, Luciana Sampaio. “Seu marido tinha viajado para Barreiras de avião -- que seria de propriedade da Igreja Batista da qual ele seria fiel -- e de lá seguido para Formosa do Rio Preto”, informou Luciana, de acordo com os policiais.

No pedido de prisão, a subprocuradora Lindôra Maria Araújo cita ainda que foram encontradas na casa do juiz relógios da marca Rolex, jóias da Cartier e cinco veículos: um Porsche, um BMW, um Hyundai, um Honda e uma motocicleta Harley-Davidson. Outro fato que chamou a atenção foi o magistrado pagar um aluguel mensal de 10 mil reais para morar “em luxuosa residência” e ter à sua disposição um motorista particular e duas empregadas domésticas. “Numa lógica financeira que pode, supostamente, estar sendo financiada com dinheiro originário do esquema sob apuração”, alertou o MPF.