Trump tenta interferir na Justiça de Israel?
No Brasil, o presidente americano tentou atuar em benefício de Jair Bolsonaro, mas não mencionou o aliado na videochamada com o presidente Lula (PT)

Ao discursar no Knesset, o Parlamento israelense, nesta segunda-feira, 13, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu ao presidente israelense, Isaac Herzog, que perdoasse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção.
"Ei, tenho uma ideia, Sr. Presidente [Isaac Herzog], por que o senhor não dá um perdão a ele [Benjamin Netanyahu]? Dê um perdão a ele. Vamos lá", disse Trump.
"A propósito, não estava no discurso, como o senhor provavelmente sabe, mas eu gosto deste cavalheiro aqui. E parece fazer muito sentido", acrescentou.
"E charutos e champanhe, quem se importa com isso? Tudo bem. Chega de polêmica por hoje, certo? Na verdade, não acho que seja muito controverso", continuou.
O julgamento de Netanyahu
Indiciado em 2019 por recebimento de suborno, fraude e quebra de confiança, Netanyahu começou a ser julgado em 2020 e se declarou inocente em todos os casos.
O primeiro envolve presentes e brindes valiosos recebidos pelo então ministro das Comunicações e por sua esposa, Sarah, dos amigos abastados Arnon Milchan e James Packer. Ambos presentearam Netanyahu com caixas de charutos e garrafas de champanhe caros, além de joias para Sarah. Ele foi acusado de ter auxiliado Milchan em assuntos ligados aos interesses comerciais do amigo.
O segundo caso trata de conversas gravadas que Netanyahu teve com Arnon “Noni” Mozes, presidente e editor do Yedioth Ahronoth, um dos maiores jornais em circulação em Israel e visto como crítico ao primeiro-ministro. Eles debateram a possibilidade de diminuir a circulação do jornal concorrente Israel Hayom, visto como simpático a Netanyahu e pertencente a seu amigo Sheldon Adelson, em troca da contratação de jornalistas que direcionariam o Yedioth a ser mais favorável a ele. Mozes foi acusado de tentativa de suborno.
O terceiro caso se refere ao relacionamento do conglomerado de telecomunicações Bezeq com o seu regulador, o Ministério da Comunicações, então chefiado por Netanyahu. A acusação envolve falsificação de documentos que teriam levado a transações comerciais de interesse do proprietário do Bezeq, Shaul Elovitch, em troca de relatórios favoráveis de Netanyahu para o Walla!, portal popular de notícias, compras on-line e outros serviços.
Leia mais: Entenda o julgamento de Netanyahu, as pressões de Trump e o adiamento de audiências
Trump e o caso Bolsonaro
No Brasil, o presidente americano tentou atuar em benefício de Jair Bolsonaro.
Ao anunciar tarifas de 50% ao Brasil, Trump afirmou que a medida se deve em parte “aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”.
Na carta enviada a Lula, o presidente americano citou Bolsonaro.
“A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”
Na conversa entre Trump e Lula realizada em 6 de outubro, o nome do ex-presidente brasileiro não foi mencionado.
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