Oposição questiona pagamento de R$ 168 mil por show em jantar de Lula e Macron
Extrato de contratação do serviço da cantora Roberta Sá foi publicado pelo Ministério da Cultura no Diário Oficial da União

Deputados federais da oposição querem explicações do governo federal sobre o pagamento, pelo Executivo, de 168 mil reais com recursos públicos à cantora brasileira Roberta Sá para que fizesse uma apresentação musical ao vivo durante o jantar de Estado oferecido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, ao presidente Lula (PT) na viagem do petista ao país europeu nesta semana,
Roberta Sá é uma cantora de MPB, samba e bossa nova. O extrato de contratação do serviço foi publicado pelo Ministério da Cultura no Diário Oficial da União na última quarta-feira, 4.
Nesta sexta-feira, 6, o deputado federal Evair Vieira de Melo (PP-ES), vice-líder da oposição, protocolou na Câmara um requerimento de convocação da ministra da Cultura, Margareth Menezes, para prestar esclarecimentos sobre o pagamento.
"Segundo amplamente noticiado pela imprensa, a contratação foi feita sem licitação, publicada às vésperas do evento, sob o argumento de que integraria a 'Temporada Cultural Brasil-França'. O valor, extremamente elevado, foi justificado como 'cachê colado', o que engloba transporte, hospedagem e equipe", diz o parlamentar na justificativa do requerimento.
"No entanto, não é admissível que, enquanto áreas essenciais da administração pública enfrentam contingenciamentos e a população brasileira sofre com a precariedade dos serviços, o governo federal gaste quase 170 mil reais com entretenimento em evento internacional de natureza protocolar e leviana".
De acordo com o parlamentar, é necessário que a Câmara "cumpra sua função de controle e fiscalização, especialmente quando os atos do Poder Executivo apontam para um padrão de gastança e desvio de prioridades".
O pagamento em questão, pontua, "é mais um exemplo de governo que parece tratar o erário como se fosse um fundo pessoal de eventos e festividades, ignorando a crise fiscal, o sofrimento do povo e os princípios da moralidade e eficiência que devem reger a administração pública".
Ele quer que a ministra esclareça os critérios adotados, os fundamentos legais da contratação e a pertinência desse gasto sob a ótica do interesse público.
O requerimento de convocação ainda precisa ser votado pelo plenário da Câmara. Se for aprovado, a ministra será obrigada a comparecer para prestar os esclarecimentos.
Pedido de informações
Já a deputada federal Daniela Reinehr (PL-SC) protocolou, na última quarta-feira, 4, um requerimento para que o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, preste informações sobre o pagamento de 168 mil reais à cantora.
Ela quer saber do chanceler, entre outros pontos, qual foi a fonte orçamentária utilizada para o pagamento; qual foi o instrumento jurídico que viabilizou a contratação da artista; se houve concorrência, cotação de preços ou chamamento público; quem indicou a artista Roberta Sá para o evento; qual o benefício concreto ao Brasil, à diplomacia ou à economia nacional proporcionado pela apresentação artística no jantar; por que o governo considera prioritário financiar apresentações culturais em banquetes internacionais, quando há suspensão de programas como o Plano Safra, contingenciamento de verbas da saúde e aumento da carga tributária sobre os brasileiros.
"Enquanto milhões de brasileiros enfrentam dificuldades, agricultores sofrem com a suspensão do Plano Safra 24/25, o setor produtivo lida com a alta da carga tributária, e há cortes em áreas essenciais como saúde, educação e segurança pública, o Palácio do Planalto opta por financiar com dinheiro do contribuinte apresentações artísticas em banquetes de luxo na Europa", diz a parlamentar na justificativa do requerimento.
"Não se trata aqui de atacar o valor cultural de uma artista, mas sim de cobrar responsabilidade e decência na gestão dos recursos públicos, ainda mais em tempos de arrocho fiscal".
Ainda conforme a deputada, "há indícios de direcionamento político-ideológico na escolha da artista contratada, uma vez que a cantora Roberta Sá já manifestou apoio público ao atual governo e participou de atos ligados à esquerda". Segundo Daniela, isso reforça a percepção de que o evento foi usado como "palanque internacional para a promoção de um projeto de poder".
O requerimento de informações foi apresentado à Mesa Diretora da Câmara e aguarda designação de um relator. Só será enviado ao ministro após o relator apresentar um parecer favorável.
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