Janja é a nova chanceler do Brasil?
Lula quer dispensar o Itamaraty nas relações futuras com Angola, país em que a Odebrecht ganhou diversos contratos

O presidente Lula reuniu-se nesta sexta, 23, com o presidente de Angola, João Lourenço.
Ao falar para a imprensa, o petista disse que pensa em dispensar o Itamaraty nas futuras relações com Angola.
"Eu tava dizendo para os companheiros que estavam participando da reunião que a partir de agora todo presidente que eu tiver uma reunião eu vou pegar o telefone dele e vou dar o meu telefone. Como eu não tenho telefone, ou eu dou o telefone dos meus assessores ou eu dou o telefone da Janja. Esse é o melhor acordo que nós vamos assinar aqui", disse Lula.
Para o presidente, passar o telefone da primeira-dama Janja ou de assessores para um presidente estrangeiro é mais eficiente do que contar com o corpo diplomático do Ministério de Relações Exteriores, comandado por Mauro Vieira.
"Às vezes, uma conversa de dois presidentes demora 15 dias para acontecer, porque você comunica ao Ministério das Relações Exteriores que você quer ter essa conversa. O Ministério das Relações Exteriores entra em contato com o Ministério do outro país. O Ministério do outro país responde. Aí vai ver, o presidente daquele país não pode. Quando ele pode, o presidente desse país não pode e aí fica 15, 20, 30 dias enrolando uma conversa para o telefone de 3 minutos", disse Lula.
"A partir de agora é o seguinte sabe qualquer presidente vai ter o meu telefone. Como eu não tenho, vai ter o da Janja e vai ter o da minha assessoria. Eu quero ter o telefone de todo mundo porque às vezes é uma coisa rápida. Às vezes é uma coisa de 30 segundos. 'Ô João Lourenço por favor' eu tô precisando de tal coisa e aí o João Lourenço me atende. Não precisamos nem de intérprete. Ah, que maravilha então sabe esse vai ser o maior acordo que eu vou fazer daqui para a frente", disse Lula.
Ao personalizar as relações internacionais, Lula trata com desdém o profissionalismo do Itamaraty.
Além disso, ao dispensar os protocolos, o presidente pode abrir espaço para novas negociações suspeitas com Angola.
O país africano foi um dos que mais recebeu dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES.
Odebrecht e Lava Jato
Nos dois primeiros mandatos de Lula, a empreiteira Odebrecht fechou diversos acordos para construir obras no país, então governado pelo presidente José Eduardo dos Santos, amigo de Lula.
José Eduardo dos Santos e o atual presidente, João Lourenço, são do Movimento pela Libertação de Angola, o MPLA, o partido governista.
Lourenço foi escolhido por José Eduardo dos Santos para tentar a presidência, em 2017.
Embora tenha começado o seu mandato com um discurso contra a corrupção, Lourenço tem revelado as mesmas práticas do antecessor.
Ana Dias Lourenço
Em um dos depoimentos dados por Monica Moura, esposa do marqueteiro João Santana, para a Lava Jato, ela afirmou que, em 2012, pagou 15 milhões de dólares para a agência de publicidade Orion, que tinha João Lourenço como um dos seus sócios.
O MPLA então estava em plena campanha para a presidência.
A Orion, aliás, era controlada por Ana Dias Lourenço, a esposa do atual presidente e que o acompanhou na visita a Brasília nesta sexta.
A origem do dinheiro era o MPLA e a Odebrecht, que precisava remunerar os oligarcas após ganhar seguidos contratos no país.
Leia em Crusoé: Angola, Odebrecht, Lava Jato e a visita de Lula
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Comentários (1)
MARCOS
2025-05-23 20:35:07NÃO SE PODE ESPERAR NADA MAIS DE UM GOVERNO CHEIO DE CORRUPÇÃO. SÓ VAI SER MAIS UMA.