Nadine Heredia, mais uma condenada no departamento médico
Mauro Vieira diz que ex-primeira-dama do Peru "foi submetida a cirurgia importante e grave recentemente" ao justificar concessão de asilo diplomático

Mauro Vieira enfim compareceu a uma audiência pública no Senado nesta terça-feira, 20, para explicar a concessão de asilo diplomático à ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia, e a atuação do governo brasileiro no caso dos venezuelanos asilados na embaixada argentina em Caracas.
Mas, como se já não houvesse problemas o bastante na política externa do governo Lula, o chanceler brasileiro, que tinha faltado ao compromisso com a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado na semana passada, acabou falando também sobre a primeira-dama Janja.
Ao justificar o asilo diplomático à peruana, o ministro das Relações Exteriores mencionou que o benefício foi "concebido em bases humanitárias", pois a ex-primeira-dama do Peru "foi submetida a cirurgia importante e grave recentemente, relacionada à coluna cervical, e está em recuperação".
Além disso, segundo o chanceler, Heredia "tem um filho menor de idade, que ficaria desassistido, tendo em vista que seu marido está detido".
"Piscinazo"
Não é a primeira vez que Vieira usa a cirurgia de Heredia para justificar a concessão de asilo diplomático, mas o chanceler ainda não o tinha feito diante dos senadores.
O pior, contudo, é que imagens de vídeo da ex-primeira-dama do Peru frequentando uma piscina (foto) sem qualquer limitação física logo antes de sua condenação a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro no caso de aportes ilegais da empreiteira Odebrecht.
Reportagem da TV Panorama exibiu as imagens, em reportagem intitulada "El piscinazo de Nadine antes de su condena: sentenciada con debido proceso y asilada con impunidad". O termo "piscinazo" costuma ser usado para jogadores de futebol que se jogam no campo para cavar falta.
Departamento médico
O benefício concedido à ex-primeira-dama do Peru lembra a concessão de prisão domiciliar ao ex-presidente Fernando Collor de Mello, também condenado por corrupção.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), permitiu que Collor cumprisse sua pena em um apartamento avaliado em 9 milhões de reais, acatando recomendação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu que a pena fosse cumprida em regime domiciliar devido à idade avançada e à condição de saúde de Collor, apesar de o ex-presidente ter dito na audiência de custódia que não tinha problemas de saúde.
O cuidado das autoridades brasileiras com condenados poderosos é tanto que, mesmo antes do julgamento por tentativa de golpe de Estado, também já se especula sobre benefício parecido para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que ainda sofre sequelas da facada recebida na eleição de 2018, em caso de condenação.
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