A difícil tarefa de Meloni: apoiar Zelensky sem confrontar Trump
A primeira-ministra italiana evita criticar diretamente o presidente dos Estados Unidos e defende a importância do diálogo

Atualmente, a posição diplomática de Giorgia Meloni suscita questionamentos sobre a continuidade do apoio à Ucrânia diante da invasão russa.
A primeira-ministra italiana se encontra em uma encruzilhada entre o compromisso assumido com Zelensky desde o início do conflito e a possibilidade de estabelecer um diálogo com um Donald Trump que anseia por um acordo com Putin.
Tal dilema tem gerado discussões acaloradas entre analistas e políticos na Itália.
Cautela
Enquanto as reações na Europa foram predominantemente de indignação após as recentes tensões no encontro entre Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, a postura de Meloni no palácio Chigi, sede do governo italiano, foi notavelmente mais cautelosa.
A primeira-ministra evita criticar diretamente o presidente dos Estados Unidos e defende a importância do diálogo, afirmando que "cada divisão no Ocidente nos torna mais fracos e favorece aqueles que desejam o declínio da nossa civilização".
Entretanto, essa abordagem não satisfaz a oposição, que pressiona Meloni a tomar uma posição clara, enfatizando a necessidade de escolher entre os interesses econômicos vinculados a Trump ou o compromisso com os valores democráticos europeus.
O cenário econômico
O cenário econômico também se mostra preocupante. Novos direitos de importação impostos por Trump poderiam impactar severamente setores cruciais da economia italiana, como agroindústria e automotivo, que dependem das exportações para os Estados Unidos.
Em 2022, as vendas do "made in Italy" para o mercado americano alcançaram cerca de 67 bilhões de euros, posicionando os EUA como o segundo maior cliente da Itália, atrás apenas da Alemanha.
Meloni reafirmou seu apoio a Zelensky durante encontros internacionais, mas sua retórica demonstra uma preocupação crescente com um eventual afastamento dos Estados Unidos das questões referentes à Ucrânia e à Otan.
Com isso, analistas apontam para uma necessidade de pragmatismo nas ações da premiê italiana, que busca equilibrar seus laços com Washington enquanto enfrenta críticas internas.
A opinião pública italiana
A presença de tropas italianas na Ucrânia nunca foi considerada uma opção pela primeira-ministra.
Ela reiterou essa posição ao se opor a qualquer envolvimento militar direto e manifestou abertura apenas para enviar uma força sob a égide da ONU, embora tal iniciativa seja vista como pouco viável.
A opinião pública italiana reflete uma crescente aversão ao envio de armamentos adicionais para Kiev, e muitos clamam por um acordo.
Este sentimento é compartilhado por diversas correntes políticas dentro da Itália, incluindo grupos populistas aliados do governo atual.
Além disso, o setor empresarial italiano demonstra interesse em retomar as relações comerciais com Moscou.
Sob pressão
A pressão sobre Meloni aumenta conforme ela tenta navegar entre manter o apoio à Ucrânia e atender às expectativas dos italianos que desejam paz imediata, tal como proposta por Trump.
Enquanto alguns membros da oposição buscam explorar o descontentamento popular em relação ao conflito, outros se posicionam abertamente ao lado de Trump e Musk em busca de fortalecer suas próprias agendas.
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Comentários (1)
F-35- Hellfire
2025-03-05 15:02:48Putin é de longe o maior vilão nesta guerra iniciada pelo mesmo. Trilionário e assassino inescrupuloso, é absolutamente desonesto e ninguém pode confiar nele. Se Trump, no passado, manteve negócios com Putin, não é aceitável que misture as coisas e nem o povo americano vai aceitar. Menos ainda a Europa Ocidental. Então vamos com calma, nada de precipitação. Muito dinheiro está em jogo e as Democracias Ocidentais e seus aliados também têm que esperar a poera baixar. Chega de guerras, chega de ditadores e chega de Putin!