Carne para churrasco seria financiamento de golpe, diz PF
Em troca de mensagens, Mauro Cid e Tenente Portela falam sobre pagamentos para suposto churrasco: "Vamos vencer de alguma forma"
O relatório final da Polícia Federal sobre o suposto golpe de Estado afirma que o tenente-coronel Mauro Cid interagiu com Aparecido Andrade Portela, conhecido como Tenente Portela, que estaria arrecadando fundos para um ato em Brasília, nos últimos dias de 2022.
Tenente Portela, primeiro suplente da senadora Tereza Cristina, do Mato Grosso do Sul, teria atuado para financiar os Atos de 8 de Janeiro.
Amigo de longa data do então presidente Jair Bolsonaro, ele frequentava o Palácio do Alvorada no final de 2022.
No mês de dezembro, Portela esteve ao menos treze vezes no Alvorada.
Carne para churrasco
No dia 26, Portela indagou Mauro Cid sobre a "realização de um churrasco".
O churrasco seria a manifestação do 8 de janeiro.
"O pessoal que colaborou com a carne está me cobrando se vai ser mesmo feito o churrasco", questionou Portela. "Pois estão colocando em dúvida a minha solicitação."
Colaborar com a carne seria financiar os "atos antidemocráticos", segundo a Polícia Federal.
Mauro Cid respondeu: "Vai sim. Ponto de honra. Nada está acabado ainda da nossa parte".
"Se quiser falo com eles... para tirar da sua conta", sugeriu Cid.
Portela respondeu: "Se eles vierem aqui em casa, eu ligo, por viva vós (sic) p o Sr".
"Vamos vencer de alguma forma", disse Portela.
Depois da confusão
Em 9 de janeiro, um dia após os Atos de 8 de Janeiro de 2023, Portela enviou mensagens a Mauro Cid sobre a participação de pessoas do Mato Grosso do Sul, seu estado, na invasão das sedes dos Três Poderes.
"Pessoal está em cima de mim aqui, infelizmente vou ter que devolver a parte desse pessoal, minha vida está um inferno", escreveu ele para Mauro Cid.
Passo à frente
O relatório da PF também afirma que Mauro Cid encaminhou uma mensagem de áudio ao general Freire Gomes, então comandante do Exército, no dia 11 de novembro, falando de uma possível ação na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Cid comentou uma Carta das Forças Armadas, tentando acalmar o país. Mas ele deu outro sentido para o texto.
“Então, com a Carta das Forças Armadas, o pessoal elogiou muito, eles estão se sentindo seguros pra dar um passo à frente. Então, os organizadores dos movimentos vão canalizar todos os movimentos previstos (inaudível) o dia 15 como ápice, a partir de agora, lá pro Congresso, STF (foto), Praça dos Três Poderes basicamente”, afirmou Cid.
“Então, os caras vão colocar o nome deles é... à frente disso aí. E aí o medo deles é retaliação por parte do Alexandre Moraes. Então, no entendimento deles, essa carta significa que as forças armadas vão garantir a segurança deles. Manifestação pacífica é livre. Então, se eles forem lá e forem presos as Forças Armadas vão garantir a segurança deles", afirmou Cid.
Leia em Crusoé: PF diz que 8 de janeiro começou na gestão Bolsonaro
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