Masoud Pezekshian, o novo presidente do Irã, conseguirá cumprir o que prometeu?
Masoud Pezekshian (foto), de 69 anos, foi eleito o novo presidente do Irã. Médico de formação, o até agora deputado do parlamento do país deverá suceder Ebrahim Raisi, morto há quase dois meses em um acidente aéreo, no cargo. Agora, também, vem a parte mais difícil: como um dito reformista, Pezekshian cumprir as reformas que...
Masoud Pezekshian (foto), de 69 anos, foi eleito o novo presidente do Irã. Médico de formação, o até agora deputado do parlamento do país deverá suceder Ebrahim Raisi, morto há quase dois meses em um acidente aéreo, no cargo.
Agora, também, vem a parte mais difícil: como um dito reformista, Pezekshian cumprir as reformas que prometeu, contra um establishment onde todas as cartas são marcadas pelo aiatolá Ali Khamenei.
Em seu discurso após a vitória, o presidente-eleito —originário da etnia azeri, que fica no noroeste do país— prometeu uma maior proximidade de Teerã com o Ocidente, principalmente a respeito do seu programa de enriquecimento de Urânio que poderia levar à produção de bombas atômicas. Durante a campanha, ele também se baseou em mudanças sociais modestas, tais como o relaxamento de regras no uso do véu islâmico para mulheres, que levaram a protestos de massa em 2022, após a morte de Mahsa Amini, aos 22 anos.
Acontece que essas são medidas impopulares dentro da cadeia de comando do país, que gira em torno do aiatolá (o chefe de Estado) e dos militares responsáveis pela Guarda Revolucionária — o braço armado do país, que mantém apoios a insurreições armadas e grupos terroristas na região, como o Hamas na Faixa de Gaza. Sozinho, Pezekshian tem um caminho muito limitado para avançar.
O dito reformista tem ainda de convencer o povo iraniano que terá sucesso. Com uma teocracia no poder desde 1979, a população que deseja reformas e um regime democrático tende a acreditar que qualquer eleição sob o regime dos aiatolás é ilegítima — já que é um conselho ligado ao aiatolá que escolhe quem se candidata. O baixo comparecimento no primeiro turno (39%) e no segundo turno na semana passada (cerca de 50%) mostram esse desânimo da população.
Pezekshian se vende como um reformista, mas ser autorizado a concorrer não ajuda na formação da sua imagem.
Os Estados Unidos não parabenizaram sua eleição por não considerar o processo como "democrático".
De qualquer forma, a eleição de Pezekshian é um problema para o aiatolá Khamenei.
Aos 85 anos, o líder supremo do país planejava meticulosamente sua sucessão ao cargo — que provavelmente ficaria com Ebrahim Raisi, o "carniceiro de Teerã". Agora, todo o planejamento começa do zero.
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Comentários (1)
F-35 - Hellfire
2024-07-08 23:03:45Kamenei não vai deixar. Pezekshian precisará ser muito inteligente para conseguir a metade do que ele pretende...Veremos.