Como fica Erdogan após vitória da oposição nas eleições municipais
A oposição venceu as eleições municipais nas cinco maiores cidades da Turquia no domingo, 31. O partido de Recep Tayyp Erdogan, o AKP, teve 36% dos votos. Foi o pior desempenho desde que a agremiação foi fundada, em 2001. O Partido Republicano do Povo, o CHP, obteve 38% dos votos. Em Istambul, a cidade mais...
A oposição venceu as eleições municipais nas cinco maiores cidades da Turquia no domingo, 31. O partido de Recep Tayyp Erdogan, o AKP, teve 36% dos votos. Foi o pior desempenho desde que a agremiação foi fundada, em 2001.
O Partido Republicano do Povo, o CHP, obteve 38% dos votos.
Em Istambul, a cidade mais rica e populosa, quem venceu foi Ekrem Imamoglu, do CHP. Esse partido é o herdeiro de Kemal Ataturk, o homem que fundou a Turquia moderna, ao separar a religião da política. Erdogan, contudo, tem levado o país no sentido inverso, ampliando o componente religioso, misturado a um saudosismo do Império Otomano.
O resultado deu um novo fôlego para a oposição, que poderá manter suas atividades aproveitando-se da receita e do apoio vindos das principais cidades. Com isso, aumenta a esperança entre os opositores de poder vencer Erdogan nas próximas eleições presidenciais e parlamentares, em 2028.
Erdogan transformou a Turquia em uma autocracia, mas não ainda a ponto de impedir a alternância de poder.
Nas eleições realizadas no ano passado, era comum ouvir os turcos dizendo que as eleições eram "limpas, mas não justas". Com isso, eles queriam dizer que candidatos de oposição poderiam se inscrever e concorrer num pleito sem grandes fraudes. O problema seria que eles teriam uma chance bem menor que a do Erdogan, uma vez que o presidente e seu partido AKP controlam a mídia e abusam da máquina pública nas campanhas políticas. Não haveria justiça, portanto.
Os números deste domingo mostram que ainda é possível sonhar com uma troca no poder em breve, uma vez que ainda existe um resto de democracia funcionando.
Em um cenário para 2028, o prefeito de Istambul Ekrem Imamoglu, agora reeleito, aparece como um dos mais prováveis adversários de Erdogan.
Ao se sentir vulnerável, é possível que Erdogan aumente sua retórica nacionalista e populista. Isso pode incluir a defesa de uma nova Constituição com mais "valores familiares", excluindo o casamento de pessoas do mesmo sexo. Também é de se esperar que Erdogan, que tem dado apoio e espaço ao Hamas, redobre a retórica contra Israel.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (1)
Magda
2024-04-01 21:06:35Dos 2.9 milhões de turcos q vivem na Alemanha, 1.5 milhão tem nacionalidade turca. Desses, ñ só na Alemanha, mas tb em outros países da Europa Ocidental, entre 65% e 80% são eleitores de Erdogan. Isso revolta pq Erdogan faz campanha dentro da Alemanha p/ ofender o povo alemão tentando ganhar votos dessa gente q ñ quer voltar p/ Turquia (lá falta emprego, falta $$, falta tudo) e na Alemanha vivem numa democracia bastante confortável q lhe permite ñ só votar, mas eleger um ditador no país vizinho