Latitude#63: Autocrata e popular, Bukele busca reeleição em El Salvador
El Salvador realiza eleições presidenciais neste domingo, 4 de fevereiro, com o presidente, Nayib Bukele (foto), buscando a reeleição para mais um mandato de cinco anos. Bukele é notório por seu autoritarismo e sua popularidade. Ao mesmo tempo que lidera um Estado policial com prisões arbitrárias em massa e 2% da população encarcerada, Bukele é...
El Salvador realiza eleições presidenciais neste domingo, 4 de fevereiro, com o presidente, Nayib Bukele (foto), buscando a reeleição para mais um mandato de cinco anos.
Bukele é notório por seu autoritarismo e sua popularidade.
Ao mesmo tempo que lidera um Estado policial com prisões arbitrárias em massa e 2% da população encarcerada, Bukele é considerado o chefe de Estado mais popular da América Latina, segundo diversos rankings.
A aprovação dele chega a 80%, segundo levantamento da Universidade Centroamericana.
Para entender estas eleições em El Salvador e o cenário político do país, o episódio do podcast Latitude deste sábado, 3 de fevereiro, entrevista o jornalista salvadorenho Saúl Hernández Alfaro, diretor de redação do site Focos.
Segundo Hernández Alfaro, Bukele soube explorar o temor dos salvadorenhos pela violência das gangues narcotraficantes, as maras.
"El Salvador é um país que durante muitos anos foi o país com o maior índice de assassinatos devido à violência de grupos criminosos em todo o hemisfério", diz o jornalista ao Latitude.
"A situação de segurança não constituía um estado de direito normal no país, porque as instituições não funcionavam e as pessoas não se sentiam livres", acrescenta.
Além da insegurança, Bukele soube explorar o cansaço da sociedade salvadorenha com os partidos políticos tradicionais, ligados aos comandos da guerra civil, de 1979 a 1992.
Ele se destaca na política ao investir em comunicação digital e políticas de renovação de espaços públicos — antes da presidência, em 2019, Bukele foi prefeito da capital, San Salvador, e da cidade de Nueva Cuscatlán.
O hoje presidente também cresceu na opinião pública ao criticar os crimes da guerra civil mesmo quando integrava um dos partidos tradicionais, o FLMN (da guerrilha de esquerda), antes de fundar sua própria sigla, Nuevas Ideas.
"Essa posição diferenciada permitiu que as pessoas dissessem que ele é diferente apesar de estar no partido [, FLMN]", diz Hernández Alfaro.
"Ele é diferente, devemos apoiá-lo individualmente como pessoa, porque ele está lutando contra um sistema que está contra ele", acrescenta.
O problema foi que, uma vez no poder, Bukele passou a concentrar poder e perseguir a oposição.
Ainda no Latitude deste sábado, Saúl Hernández expõe a corrupção por trás do aparente sucesso das políticas de segurança pública de Bukele, assim como as ferramentas que o presidente usa para perseguir opositores.
O jornalista também explica como Bukele aparelhou o Judiciário para concorrer nas eleições deste domingo, apesar de a Constituição de El Salvador proibir a reeleição direta.
O Latitude é um podcast semanal sobre os principais fatos da política internacional e da diplomacia brasileira que vai ao ar todos os sábados, às 18h.
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