Crusoé
19.05.2025 Fazer Login Assinar
Crusoé
Crusoé
Fazer Login
  • Acervo
  • Edição diária
Edição Semanal
Pesquisar
crusoe

X

  • Olá! Fazer login
Pesquisar
  • Acervo
  • Edição diária
  • Edição Semanal
    • Entrevistas
    • O Caminho do Dinheiro
    • Ilha de Cultura
    • Leitura de Jogo
    • Crônica
    • Colunistas
    • Assine já
      • Princípios editoriais
      • Central de ajuda ao assinante
      • Política de privacidade
      • Termos de uso
      • Política de Cookies
      • Código de conduta
      • Política de compliance
      • Baixe o APP Crusoé
    E siga a Crusoé nas redes
    Facebook Twitter Instagram

    Luiz Gama: um dos inventores do Brasil

    Neste 13 de maio, o Brasil completa 135 anos da Lei Áurea, que aboliu legalmente a escravidão. Em um país que nunca completou o serviço de provisão de oportunidades para a ampla liberdade de seus cidadãos, a data nos leva à reflexão a respeito do que constitui nossa identidade nacional. Nesse contexto, penso que o...

    avatar
    Edson Lau
    5 minutos de leitura 13.05.2023 08:25 comentários 3
    Luiz Gama
    • Whastapp
    • Facebook
    • Twitter
    • COMPARTILHAR

    Neste 13 de maio, o Brasil completa 135 anos da Lei Áurea, que aboliu legalmente a escravidão. Em um país que nunca completou o serviço de provisão de oportunidades para a ampla liberdade de seus cidadãos, a data nos leva à reflexão a respeito do que constitui nossa identidade nacional. Nesse contexto, penso que o resgate do legado de Luiz Gama (foto) pode nos ajudar a pensar um Brasil onde a liberdade seja efetivamente desfrutada por todos.

    A unidade e a ideia de nação brasileira deu-se forçadamente através de um inusitado Império, aos moldes europeus, nos trópicos. O nascimento de um novo país não é resultado de um processo iniciado e finalizado apenas no simbólico (e inevitável) Grito do Ipiranga em 07 de setembro de 1822. Uma série de esforços foram impelidos a fim de garantir a unidade entre distintas e distantes províncias que, muitas vezes, tinham maior facilidade de trocas e contatos com a antiga metrópole do que com o Rio de Janeiro.

    Havia ainda a questão fundamental da cultura e da identidade. O novo país era um barril de pólvora, formado por povos diversos em condições socioeconômicas radicalmente diferentes, sendo que a maior parte da população local era escravizada ou descendente daqueles que foram sequestrados, atravessaram o oceano e, por aqui, forçadamente trabalharam em todos os tipos de atividades.

    É neste novo país, em 1830, que nasceu, livre, Luiz Gama. Homem cuja breve vida foi digna de uma epopeia cinematográfica — que de fato virou filme. Advogado, jornalista, escritor, autor de vasta obra, membro da maçonaria e de clubes abolicionistas, sarcástico, contundente, sensível e tenaz.

    Muitas atividades e adjetivos podem ser atribuídos a Luiz Gama. A apresentação que o jornalista Laurentino Gomes fez no terceiro volume de sua monumental obra Escravidão é bastante justa: Gama é o precursor. Denunciava políticos, jornais, senhores de escravos, violações do que hoje chamamos de direitos humanos. Pesava sua atuação e letras a favor da liberdade dos seus e contra o estigma da cor da pele: o racismo.

    O dono da grande voz abolicionista foi levado precocemente pela traiçoeira diabetes em 1882 e não assistiu à abolição em 13 de maio de 1888, após cinco anos e nove meses, que certamente foram mais difíceis ao povo, órfão da sua luta.

    A família imperial postergou o máximo que pôde o fim da escravidão. Curiosa e erradamente, contudo, levou um crédito quase exclusivo pela abolição. Na verdade, a Lei Áurea assinada pela princesa Isabel não atendeu a boa parte das reivindicações abolicionistas. Não houve garantia àqueles que deixavam de ser escravos de nenhum dos pressupostos de inclusão, através da educação, qualificação e tutela, que Gama defendeu ao longo de sua vida.

    Para a população descendente daqueles que foram sequestrados da África e aqui foram estabelecidos, após a festa do dia da abolição veio uma grande ressaca que, em muitos aspectos, dura até hoje. Certamente a ausência de cidadania que o Brasil do século 21 dispensa à população negra aprofundaria a inquietude de Gama, se estivesse vivo.

    Os métodos da historiografia contemporânea pressupõem uma sistematização de pesquisas, que levem em conta e priorizem a “longa duração”, ideia preconizada por Fernand Braudel. A teoria do historiador francês é de suma importância para compreender e desbravar as querelas que envolvem causas, efeitos e permanências, concernentes ao Brasil contemporâneo. Para tal compreensão é também relevante evocar outro historiador, Roger Chartier, cuja noção da história é entendida como um sistema de crenças, de valores e de representações própria a uma época ou grupo.

    Desta forma, fica ainda mais proeminente notar que a construção de ideia de Brasil foi feita, em especial, por aqueles que articularam e levaram a cabo a independência do Brasil e que estavam ligados à família imperial, com destaque para pessoas como José Bonifácio e instituições como o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB).

    Obviamente, a escolha de alguns valores e a reverberação de ideias, fortes ainda hoje, foram semeadas na invenção do Brasil. A ode à miscigenação e a negação antolhada dos conflitos e tensões, comuns e recorrentes no pós-independência, são exemplos. Gama denunciava e atuava contra esta hipocrisia da elite no Brasil do Século 19.

    O deliberado esquecimento de sua obra, cada vez mais resgatada e evocada, é inaceitável ante à popularidade e relevância que Gama alcançou em vida. Nota disso é seu funeral, que mobilizou cerca de 10% da cidade de São Paulo. Por isso, jogar luz à vida e obra de Luiz Gama é cada vez mais recorrente e importante na academia, para o Movimento Negro e também para o Movimento Liberal.

    Assim, posto que a invenção do Brasil não foi um processo uno, tranquilo e linear, e que muitas das mentalidades do século 19 permanecem e reverberam no Brasil contemporâneo, o vulto de Luiz Gama torna-se ainda maior.

    Mais do que um precursor para os abolicionistas, seus feitos e escritos trazem a dor e a sensibilidade que a população negra no Brasil até hoje é testemunha. Além: muito do que Gama defendeu não foi levado a cabo até hoje e assim, permanece atual e necessário. Inequivocamente é possível afirmar: Luiz Gama é um dos inventores do Brasil.

     

    Edson Lau é historiador e gestor público, coordenador da setorial antirracista Luiz Gama, do Livres

    Diários

    Câmara vai instalar comissão para analisar regulamentação da IA

    Guilherme Resck Visualizar

    O impacto real das medidas migratórias de Javier Milei

    Duda Teixeira Visualizar

    Após faltar à convocação, chanceler é aguardado no Senado para explicar asilo

    Guilherme Resck Visualizar

    Crusoé 367: A boa-nova da IA

    Crusoé Visualizar

    "Nada vai acontecer até Trump estar à mesa com Putin"

    Crusoé Visualizar

    Como o fim da cooperação brasileira afeta a Lava Jato no Peru

    Duda Teixeira Visualizar

    Mais Lidas

    A boa-nova da IA

    A boa-nova da IA

    Visualizar notícia
    AGU não é advogada da Janja

    AGU não é advogada da Janja

    Visualizar notícia
    Após faltar à convocação, chanceler é aguardado no Senado para explicar asilo

    Após faltar à convocação, chanceler é aguardado no Senado para explicar asilo

    Visualizar notícia
    Câmara vai instalar comissão para analisar regulamentação da IA

    Câmara vai instalar comissão para analisar regulamentação da IA

    Visualizar notícia
    Como o fim da cooperação brasileira afeta a Lava Jato no Peru

    Como o fim da cooperação brasileira afeta a Lava Jato no Peru

    Visualizar notícia
    De terno e sem fuzil

    De terno e sem fuzil

    Visualizar notícia
    Letargia parlamentar

    Letargia parlamentar

    Visualizar notícia
    Lula assume que quer importar censura chinesa

    Lula assume que quer importar censura chinesa

    Visualizar notícia
    O impacto real das medidas migratórias de Javier Milei

    O impacto real das medidas migratórias de Javier Milei

    Visualizar notícia
    O que a febre "bebê reborn" diz sobre o brasileiro

    O que a febre "bebê reborn" diz sobre o brasileiro

    Visualizar notícia

    Tags relacionadas

    Abolição

    direitos humanos

    Lei Áurea

    Luiz Gama

    < Notícia Anterior

    Vereador de Curitiba quer tirar título de cidadão honorário de Gilmar Mendes

    12.05.2023 00:00 | 4 minutos de leitura
    Visualizar
    Próxima notícia >

    A medicação de Anderson Torres

    13.05.2023 00:00 | 4 minutos de leitura
    Visualizar
    author

    Edson Lau

    Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

    Comentários (3)

    Alessandro

    2023-05-14 07:16:54

    Gostei do termo “sequestrados”. Faltou o complemento “por quem”? Uma vez libertos o esperado seria que os sequestrados fossem levados à suas casas, à sua terra, à sua origem, devolvidos aos seus; ou não é assim que funciona??????? Não tenho nada contra o revisionismo histórico, contra a verdade, mas que ele seja TOTALMENTE HONESTO, não parcialmente honesto. Quem subjugava tribos inteiras na África eram outros africanos que vendiam os capturados para Portugal. O Brasil entrou de bucha na história


    Carla

    2023-05-13 20:37:24

    Viva Luiz Gama!


    Renata

    2023-05-13 08:44:53

    Sem dúvida. Acho Luiz Gama muito mais significativo do que Zumbi dos Palmares, que no entanto é mais louvado.


    Torne-se um assinante para comentar

    Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

    Comentários (3)

    Alessandro

    2023-05-14 07:16:54

    Gostei do termo “sequestrados”. Faltou o complemento “por quem”? Uma vez libertos o esperado seria que os sequestrados fossem levados à suas casas, à sua terra, à sua origem, devolvidos aos seus; ou não é assim que funciona??????? Não tenho nada contra o revisionismo histórico, contra a verdade, mas que ele seja TOTALMENTE HONESTO, não parcialmente honesto. Quem subjugava tribos inteiras na África eram outros africanos que vendiam os capturados para Portugal. O Brasil entrou de bucha na história


    Carla

    2023-05-13 20:37:24

    Viva Luiz Gama!


    Renata

    2023-05-13 08:44:53

    Sem dúvida. Acho Luiz Gama muito mais significativo do que Zumbi dos Palmares, que no entanto é mais louvado.



    Notícias relacionadas

    Câmara vai instalar comissão para analisar regulamentação da IA

    Câmara vai instalar comissão para analisar regulamentação da IA

    Guilherme Resck
    18.05.2025 11:00 3 minutos de leitura
    Visualizar notícia
    O impacto real das medidas migratórias de Javier Milei

    O impacto real das medidas migratórias de Javier Milei

    Duda Teixeira
    17.05.2025 12:00 2 minutos de leitura
    Visualizar notícia
    Após faltar à convocação, chanceler é aguardado no Senado para explicar asilo

    Após faltar à convocação, chanceler é aguardado no Senado para explicar asilo

    Guilherme Resck
    17.05.2025 11:00 4 minutos de leitura
    Visualizar notícia
    Crusoé 367: A boa-nova da IA

    Crusoé 367: A boa-nova da IA

    Crusoé
    17.05.2025 08:00 2 minutos de leitura
    Visualizar notícia
    Crusoé
    o antagonista
    Facebook Twitter Instagram

    Acervo Edição diária Edição Semanal

    Redação SP

    Av Paulista, 777 4º andar cj 41
    Bela Vista, São Paulo-SP
    CEP: 01311-914

    Redação Brasília

    SAFS Quadra 02, Bloco 1,
    Ed. Alvoran Asa Sul. — Brasília (DF).
    CEP 70070-600

    Acervo Edição diária

    Edição Semanal

    Facebook Twitter Instagram

    Assine nossa newsletter

    Inscreva-se e receba o conteúdo de Crusoé em primeira mão

    Crusoé, 2025,
    Todos os direitos reservados
    Com inteligência e tecnologia:
    Object1ve - Marketing Solution
    Princípios Editoriais Assine Política de privacidade Termos de uso