Bolsonaro está entregando os pontos?
Embora o autor do texto compartilhado por Jair Bolsonaro (foto) na manhã desta sexta-feira seja desconhecido, não é difícil imaginar o próprio presidente recitando cada parágrafo do que está ali. Bolsonaro é o sujeito oculto, do início ao fim. Só faltou o “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” no final. O texto culpa as...
Embora o autor do texto compartilhado por Jair Bolsonaro (foto) na manhã desta sexta-feira seja desconhecido, não é difícil imaginar o próprio presidente recitando cada parágrafo do que está ali. Bolsonaro é o sujeito oculto, do início ao fim. Só faltou o “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” no final.
O texto culpa as corporações como as responsáveis pelo insucesso do governo nestes quase cinco meses desde a posse: os “políticos, servidores-sindicalistas, sindicalistas de toga e grupos empresariais”. Todos estariam impedindo Bolsonaro de avançar.
É inegável que esses grupos são obstáculos para os avanços do país. Mas o presidente ignora o fato de que eles sempre estiveram em cena. A diferença é que é missão dos governantes eleitos tentar dobrá-los.
Bolsonaro sempre soube muito bem disso. Desde que decidiu se candidatar a presidente, em 2014, construiu um discurso de combate a esses grupos. Elegeu-se assim. Mas, até agora, mostrou que o discurso padecia de um plano exequível. No lugar da política, ele recorre ao conflito. No lugar do enfrentamento aos grandes problemas, ele foca nas pequenas questões. É a tempestade perfeita para que as corporações avancem.
Até agora, diante dos erros acumulados do presidente, são justamente as corporações - as da política, as dos servidores, as empresariais -- que estão ganhando o jogo. Mas tornar o governo definitivamente desidratado ou o país ingovernável, como o “autor desconhecido” escreve no "texto apavorante" distribuído por Bolsonaro, ainda depende só do próprio presidente.
No Congresso, dominado pelo famoso Centrão, ainda não há o desejo declarado de derrubá-lo. Parlamentares temem um governo sob o comando do vice-presidente Hamilton Mourão, que em poucos meses passou de entusiasta do autogolpe a democrata moderado. Já entre os militares que cercam o presidente, todos se declaram ao centro do espectro político e nem de longe falam em tomar o poder. Ademais, dadas as prerrogativas que o presidente tem no nosso sistema de governo, as cartas ainda estão com ele. Não valem tanto quanto em janeiro, mas ainda valem bastante.
O problema é que, pelo tom do texto compartilhado, parece que Bolsonaro não quer mais jogá-las. Lembra, com sinal invertido, a carta que Michel Temer mandou para Dilma Rousseff em dezembro de 2015. Era um prenúncio do que viria a ocorrer com a petista. Na carta, Temer defendia a reunificação do país. Quatro meses depois, a Câmara aprovou o impeachment e Dilma se afastou do cargo para nunca mais voltar. Hoje, Bolsonaro transmitiu a ideia de estar entregando os pontos.
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Comentários (10)
Vimar
2019-05-19 19:10:04Sr. Caio. Essa madeira só se curva com chuva de dólares. Vá tentar falar em patriotismo com Ciro Nogueira, Renan Calheiros, Rodrigo Maia, Paulo Pereira da Silva, e por aí vai...
Valter
2019-05-19 12:17:05Quais pontos?
Paulo
2019-05-19 10:22:53Ora, sabíamos que não seria fácil, mas não impossível acabar com a política de “toma lá, dá cá”. Não se pode entregar “os pontos”. O País nunca teve um ministério tão competente, com algumas excessões, claro, nem tudo é perfeito. Acredito que o sucesso deste, ou qualquer governo, depende muito de nós, eleitores. Vamos registrar os nomes dos líderes deste centrão e dar o troco, eles dependem do nosso voto. Eu com 72 anos, desta vez estarei na rua dia 26. Deus Salve o Brasil!
Hildebrando
2019-05-19 07:52:43Com este texto, Caio Junqueira deveria estar na Folha. Que poder tem o presidente hoje?
Jose
2019-05-18 22:26:41Bem, acho que a paciência já se esgotou. Basta de tanta trabalhada que nos desmoraliza como nação. Vamos no dia 26 pedir a renúncia imediata do presidente e a sua substituição pelo vice. A direita séria do país já abandonou o barco do bolsonarismo. A população precisa também fazer o mesmo. Fim do populismo. Queremos um governo que una a nação em uma agenda progressista. Temos que fazer algo urgente.
Vera
2019-05-18 22:09:38Comentário péssimo. Artigo 142 Não se pode limpar o chiqueiro com os porcos dentro
Juan
2019-05-18 19:02:15Quase isso...infelizmente.
Bruno
2019-05-18 18:10:52Texto perfeito. O Brasil da forma como está é impossível de Governar. Quem está Governando é o Congresso e o STF
Valter
2019-05-18 17:25:20Muito semelhante ao Jânio Quadros. Seria perfeito se renunciasse.
Jose
2019-05-18 17:23:07Para resgatar a dignidade e força perdida no atentado, Bolsonaro terá que identificar e sufocar o inimigo. Às batalhas são muitas e cada uma delas tem que ser resolvida e mostrado o troféu. Bolsonaro só pode contar com o POVO de uma Nação que não tem mais força, encontra-se indignada e optou por um homem que, à primeira vista, tem toda a Única instituição em quem confiamos, o glorioso Exército Brasileiro, nosso fio de esperança frente ao inimigo q aparelhou o estado de cima para baixo.