Lava Jato suspeita que Banco Paulista era um 'hub' de lavagem de dinheiro
O Banco Paulista, principal alvo da operação Disfarces de Mamom, 61ª fase da Lava Jato de Curitiba, é considerado pelos investigadores como uma espécie de hub da lavagem de dinheiro usado pela Odebrecht para dar aparência legal a transações realizadas para abastecer o setor de operações estruturadas, responsável pelo pagamento de propinas da construtora. Os...
O Banco Paulista, principal alvo da operação Disfarces de Mamom, 61ª fase da Lava Jato de Curitiba, é considerado pelos investigadores como uma espécie de hub da lavagem de dinheiro usado pela Odebrecht para dar aparência legal a transações realizadas para abastecer o setor de operações estruturadas, responsável pelo pagamento de propinas da construtora.
Os investigadores já mapearam 48 milhões de reais lavados pelo banco para a empreiteira, e agora querem descobrir quais os destinatários de outros 280 milhões de reais movimentados pela instituição financeira por contratos suspeitos de serem fictícios.
O Banco Paulista pertence a Álvaro Vidigal, que também é dono da corretora Socopa, e apareceu nas investigações após ser citado por funcionários do departamento de propina da Odebrecht.
Três executivos da instituição financeira, Paulo Cesar Haenel Pereira Barreto, Tarcísio Rodrigues Joaquim e Gerson Luiz Mendes de Brito, são alvos de mandados de prisão autorizados pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Luiz Antônio Bonat. Eles serão transportados ainda hoje para a sede da Polícia Federal na capital paranaense (foto).
As empresas de fachada que teriam feito contratos com o banco no valor de 48 milhões de reais mapeados pela Polícia Federal eram ligadas a ex-executivos da Odebrecht. Aparecem na lista a BBF Assessoria e Consultoria Financeira, JR Graco Assessoria e Consultoria Financeira, VVB Assessoria e Consultoria Financeira, Lafrano Assessoria e Consultoria Financeira, MIG Consultoria Econômica e Financeira, Crystal Research Serviços e Bilinski Assessoria e Consultoria Financeira.
Os contratos fictícios serviam para justificar o dinheiro em espécie que entrava no Brasil por doleiros e era entregue ao responsável pela mesa de câmbio do Banco Paulista, Paulo Cesar Haenel Pereira Barreto. A origem desses valores eram as contas no exterior mantidas pela empreiteira.
Os doleiros mais empregados na transação eram do grupo de Vinicius Claret, o Juca Bala. Claret cumpre regime semiaberto de prisão depois de ter feito uma delação premiada à Lava Jato no Rio de Janeiro sobre operações irregulares que fez para o ex-governador do estado Sérgio Cabral Filho.
A expectativa dos investigadores é agora abrir novas frentes de investigação. A Lava Jato pretende descobrir qual a origem e quem foi o destinatário final dos outros 280 milhões de reais repassados pelo Banco Paulista por meio de contratos que também podem ser fraudulentos.
A desconfiança dos investigadores sobre os contratos milionários se amparam na apuração da Receita Federal e do Banco Central. Relatórios da Receita mostram que as empresas que receberam valores não tinham funcionários e nem prestaram os serviços contratados.
O BC cobrou explicações do Banco Paulista para as transações, depois de investigá-las. A instituição financeira alegou que os repasses seriam relacionados a "importação de moeda nacional" e pagamentos de comissões sobre esses valores importados. No entanto, segundo o Banco Central, não foram apresentados documentos que sustentassem essa versão.
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Comentários (10)
Wilma
2019-05-09 18:43:09Meu Deus! Se não fosse a lava jato , na pesso do juiz Sérgio Moro , qual seria nossa realidade hoje ? Nós vivíamos enganados , ludibriados por esses ladroes eleitos por nós 😡
Paulo
2019-05-09 08:52:37Prucura que tem mais bancos, se movimentou bilhoes, em propina sem bancos, e impossivel., em troca spreed bancario, na caixa preta. manten isso viu.
Chris.
2019-05-08 19:35:42Parabéns Antagonista/Crusoé, faz quase um ano que O Antagonista cantou essa bola e não houve repercussão, passaram meses e agora ocorre a operação. Vcs se tornaram uma referência, estão sempre à frente.
Cirval
2019-05-08 19:30:54Isso tudo tem origem no caixa 2, crime que muitos acham "leves". Tão leve quanto 280 milhões de reais. Isso é fichinha se comparado às evasões bilionárias das CC5. Muita gente séria participou desse bacanal financeiro.
William
2019-05-08 16:51:03Já já a Lavajato completará 100 anos e ainda vai ter coisa errada para apurar...país podre!
LUIS
2019-05-08 16:29:54Torço para a Lava-Jato conseguir tempo e dedicação e investigar TODAS as obras terceirizadas no serviço público, nos últimos 30 anos. Se isto se realizar, aí sim os cidadãos de bem verão o tamanho da corrupção de nossa sociedade.
Massaaki
2019-05-08 11:58:49O cruzamento das diversas informações e dados, com as colaborações, peritagens e colaboração internacional, vai dar o caminho para outras forças-tarefa a serem criadas e a novas investigações e processos judiciais; e estimulará a que novos informantes, testemunhas e colaboradores apareçam e queiram falar espontaneamente. E ficará claro as interligações dos vários esquemas criminosos. Virão o LavaBancos e mercado de capitais; o LavaToga e os tribunais superiores e tudo que é Lava-alguma coisa.
Massaaki
2019-05-08 11:55:27Brilhante trabalho das Forças-tarefas da Lavajato e congêneres, em colaboração e integrado por vários órgãos: PGR/MPF, RFB, BACEN, COAF e outros conforme a necessidade e área. Parabéns a essa nova forma de investigação integrada. Os frutos disso estão chegando. Agora, começa a ficar claro as interconexões entre os vários núcleos do crime. E graças às delações, peritagens, colaboração entre órgãos, colaboração internacional, cruzamento de informações, tudo está sendo desvendado. Parabéns!
MOISES
2019-05-08 10:03:08E o maior bandidos de todos se preocupa com "República de Curitiba" imagina os ladroes de galinha? Parabéns aos juizes de Curitiba, a Justiça no Brasil deve muito ao trabalho desafiador e corajoso de vcs.! esses sim merecem condecoração e apoio total!!
Márcia
2019-05-08 09:47:23É inimaginável a sangria que este país sofreu e ainda deve sofrer.