O que pode dar errado na aproximação entre o Irã e o Talibã
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei (foto), celebrou nas redes sociais a tomada de poder do Afeganistão pelo grupo terrorista Talibã. "O Afeganistão é um país irmão, com a mesma linguagem, religião e cultura. A fonte da crise no Afeganistão era os Estados Unidos", publicou Khamenei no Twitter no final de agosto....
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei (foto), celebrou nas redes sociais a tomada de poder do Afeganistão pelo grupo terrorista Talibã.
"O Afeganistão é um país irmão, com a mesma linguagem, religião e cultura. A fonte da crise no Afeganistão era os Estados Unidos", publicou Khamenei no Twitter no final de agosto. "Nós apoiamos a nação do Afeganistão."
Com a saída americana, ordenada pelo presidente Joe Biden, o Irã tem tentado passar a ideia de que é um parceiro confiável e que há um "eixo de resistência", formado por países que não se dobram às potências ocidentais.
Além da questão ideológica, há interesses econômicos envolvidos. Fazer comércio com o Afeganistão é uma maneira burlar as sanções impostas pelos americanos. "Os iranianos já exportavam petróleo para o Afeganistão e continuaram fazendo isso, mesmo depois da tomada de poder pelo Talibã. O grupo terrorista ainda reduziu as tarifas de importação e tornou mais fácil e rápido o trâmite de mercadorias", diz o cientista político alemão-iraniano Ali Fathollah-Nejad, autor do livro Irã em uma Nova Ordem Mundial (em tradução livre).
Mas há dois riscos neste processo, segundo Fathollah-Nejad. O primeiro é que muitos membros do Talibã, que professa o islamismo sunita, nutrem um ódio contra os xiitas, que formam a maioria da população iraniana. Em 1998, os dois países quase entraram em guerra depois que membros do Talibã assassinaram onze diplomatas e um jornalista iranianos na cidade de Mazar Sharaf. "Esse sentimento contra os xiitas talvez não possa ser contido pelos líderes do Talibã e pode criar tensões nas relações bilaterais ou até mesmo um conflito maior", diz Fathollah-Nejad.
Outra possibilidade é que grupos terroristas sediados no Afeganistão e com ambições globais, como a Al Qaeda e o Estado Islâmico, aproveitem o caos para entrar no território iraniano e atacar a população xiita do país. Nos dois casos, a relação entre os dois países ficaria estremecida.
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Comentários (1)
Jose
2021-09-03 10:21:40Tudo display do Irã! Eles são como bozistas e lulopetralhistas. Iguais no radicalismo e na corrupção, mas diferentes nas crenças!