Os recuos e as contradições de Wajngarten na CPI
Próximo ao clã Bolsonaro, Fabio Wajngarten (foto) chegou à CPI da Covid com a voz trêmula. Ao longo da audiência, se portando como verdadeiro integrante da tropa de choque do governo federal, se contradisse e recuou sobre versões apresentadas por ele recentemente. A inflexão se deu sobretudo na questão da compra de vacinas contra a Covid-19...
Próximo ao clã Bolsonaro, Fabio Wajngarten (foto) chegou à CPI da Covid com a voz trêmula. Ao longo da audiência, se portando como verdadeiro integrante da tropa de choque do governo federal, se contradisse e recuou sobre versões apresentadas por ele recentemente. A inflexão se deu sobretudo na questão da compra de vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas pelo laboratório norte-americano Pfizer e em relação à sua avaliação sobre a postura do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
O comportamento do ex-secretário de Comunicação da Presidência irritou os senadores da CPI, que chegaram a cogitar decretar a prisão de Wajngarten. A medida se daria porque, na condição de testemunha, o publicitário, em tese, não poderia mentir à comissão de inquérito.
Para comprovar as lacunas no depoimento de Wajngarten, parlamentares pretendem pedir a quebra dos sigilos telefônico e telemático dele, assim como a íntegra de uma das entrevistas concedidas pelo ex-chefe da Secom.
Veja a seguir as principais contradições de Wajngarten.
A "incompetência" de Eduardo Pazuello
Apesar de confirmar que o governo ignorou, por cerca de dois meses, uma oferta da farmacêutica, entre setembro e novembro de 2020, Wajngarten buscou defender Jair Bolsonaro e até mesmo Eduardo Pazuello, após atribuir a demora na compra dos imunizantes à "incompetência" e à "ineficiência" da "equipe que gerenciava o Ministério da Saúde nesse período”.
Na sessão desta quarta-feira, 12, o publicitário negou ter usado o adjetivo para se referir ao ex-ministro da Saúde. "Eu não chamei", sem esclarecer de quem falava, já que a pasta era comandada por Pazuello.
Wajngarten, então, culpou a "morosidade" do sistema público. "Eu entendo que a incompetência é ficar refém da burocracia. Acho que a morosidade na tomada de decisões, que é característica da administração pública, é um problema em casos excepcionais como temos na pandemia."
Num verdadeiro cavalo de pau, o publicitário chegou a elogiar o general do Exército. "O ex-ministro Pazuello foi corajoso de assumir uma pasta no pior momento da história do Brasil e talvez no pior momento da história do mundo. Poucos teriam tido a coragem que ele teve de sentar num ministério no meio da maior pandemia que o Brasil já teve", completou.
A responsabilidade de Bolsonaro
Embora tenha dito que Bolsonaro estava "totalmente eximido de qualquer responsabilidade" pela demora nas aquisições de vacinas da Pfizer, porque "era abastecido com informações erradas", Wajngarten disse à CPI não ter conhecimento sobre os agentes que teriam atrapalhado as negociações.
O ex-chefe da Secom afirmou nada saber sobre o "aconselhamento paralelo" do presidente da República, relatado à comissão por Luiz Henrique Mandetta. "Nunca participei e desconheço qualquer coisa nesse sentido", completou o aliado do Planalto, acrescentando que, apesar do contato diário com o presidente, não mantinha conversas com o filho 02 do presidente, Carlos Bolsonaro.
Documentos das negociações com a Pfizer
O ex-secretário de Comunicação da Presidência se atrapalhou ao falar sobre o paradeiro dos documentos relativos às tratativas entre o governo e a Pfizer. Em princípio, Wajngarten alegou que havia guardado a papelada e poderia disponibilizá-la à CPI.
Alinhado ao Planalto, o senador Marcos Rogério o interrompeu, afirmando que os documentos estavam no computador institucional da Secom e, por isso, deveriam ser requisitados oficialmente ao governo. Wajngarten, então, recuou e concordou com o governista, declarando não ter mais acesso aos papéis.
Campanha "O Brasil não pode parar'
O ex-chefe da Secom assegurou à CPI não saber a origem da campanha "O Brasil não pode parar", em defesa da flexibilização do isolamento social logo no início da pandemia, em março de 2020. Materiais relacionados ao slogan foram publicados nas redes sociais da própria pasta e divulgados por ministros.
"Eu me recordo de um vídeo circulando, mas não tenho certeza se ele é de autoria e de assinatura da Secom. Não se se foi feito dentro da estrutura ou circulou de forma orgânica", alegou.
"Afastamento"
Wajngarten declarou à CPI não ter respostas concretas sobre campanhas veiculadas pelo governo federal em março de 2020, porque ficou afastado das funções "o mês inteiro", acometido pela Covid-19.
O senador petista Rogério Carvalho, no entanto, fez questão de exibir aos colegas, durante a sessão, uma gravação de uma live em que o ex-chefe da Secom diz ao filho 03 do presidente da República, Eduardo Bolsonaro, estar trabalhando "normalmente" de casa. "Eu sou a prova viva de que, mesmo testado positivo, a vida segue. Estou trabalhando normal, tenho feito calls com ministros, tenho feito calls com a Secom, tenho aprovado campanhas", disse, no vídeo, gravado em 14 de março.
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Comentários (10)
Márcia
2021-05-13 08:44:06se tivesse prendido ontem faria um bem enorme para o Brasil, todos os próximos depoentes falariam a verdade
BOCCA DELLA VERITÀ
2021-05-13 08:33:57o depoente mentiu a vontade o presidente osmar azis AMARELOU e disse que é um democrata. 420 MIL MORTES , O CARA DIZ QUE PERDEU UM IRMAO E NÃO QUER PRENDER NINGUEM, O brasil estarrecido com a energia dessa CPI-POBRE brasil ACREDITOU QUE HAVERIA CONSEQUENCIAS.
Alexandre
2021-05-13 04:54:54Pelo jeito a Pfizer só ofertou vacinas, se tivesse ofertado alguma bufunfa por baixo da mesa a coisa talvez tivesse progredido. O ex secretário, de repente, até tentou ser o lobista, mas a "burocracia" não o aceitou. Os senadores precisam ser mais espertos nos questionamentos das testemunhas.
Edmar
2021-05-12 19:09:50Será que isso não foi ou parece até uma Teoria de Conspiração, muito bem encenada, desde de a entrevista a Veja, ao comportamento do ex-ministro na CPI, a presença do 01?
Roberto
2021-05-12 18:52:48O presidente da CPI se mostrou frouxo. Agora o Pazuelo, se comparecer, vai mentir à vontade
PAULO
2021-05-12 18:00:32A qualidade profissional do Wajngarten é lastimável. Ele chamou os caras do Ministério da Saúde de incompetentes, como se ele fosse o cara para negociar alguma coisa. Ele faria menos estrago ao Brasil, fazendo a comunicação do homem de negócios Malafaia. E vamos sabendo cada vez mais, de onde sai esses merdas do governo, externando toda a incompetência e nos mostrando por que estamos onde estamos no número de mortos.
Leandro Domingues
2021-05-12 17:59:21Assisti o desastre. O PIOR COMUNICADOR DO BRASIL, não se entende nada do que ele fala. Laranjão. O Brasil não merece esse circo. Na minha opinião, tem que pedir a prisão. Patético o FB no final, configurou totalmente que o Wajngarten está a serviço da FAMILÍCIA.
Daniel dos Santos
2021-05-12 17:32:52Cadeia para o criminoso Renan Calheiros!
Odete6
2021-05-12 17:11:39É o famoso "trio funcionante", inclusive, óbvio, para esse pseudo ""depoimento"": chantagem, ameaças e propina gorda!!!
Odete6
2021-05-12 17:08:49É o famoso "trio funcionante", inclusive para esse ""depoimento"": chantagem, ameaças e propina gorda!!!