Os absurdos da nova Constituição de Cuba

Neste domingo, 24, a ditadura de Cuba realizará um referendo para aprovar uma nova Constituição escrita pelo Partido Comunista.

No artigo número 1, o texto afirma que Cuba é um "estado socialista de direito, democrático, independente e soberano".

Em seguida, no artigo 3, socialismo e nacionalidade se misturam. "A defesa da pátria socialista é a maior honra e dever supremo de cada cubano. A traição à pátria é o crime mais grave. Quem cometê-la estará sujeito às piores sanções". No mesmo artigo, pode-se ler que "o socialismo e o sistema político e social revolucionário são irrevogáveis".

No artigo 5, afirma-se que o Partido Comunista de Cuba, "único, martiano (de José Martí), fidelista (de Fidel Castro) e marxista-leninista, é a vanguarda organizada da nação cubana, a força dirigente superior da sociedade e do estado".

Para o historiador cubano Manuel Cuesta Morúa, que vive em Havana, esses artigos são o núcleo duro da nova Constituição. "Em pleno século XXI, um governo colocar a soberania de um partido acima da soberania dos cidadãos é algo totalmente absurdo", diz ele.

Para Morúa, a vida dos dissidentes ficará ainda pior. "Aqueles que não aceitem a condição socialista do estado praticamente deixarão de ser cubanos. O objetivo da nova Carta é tirar os direitos políticos daqueles que não se definam como socialistas. Eles poderiam ser condenados a longas penas de prisão por uma interpretação qualquer de traição à pátria socialista", diz Morúa.