Conselheiros do MPF afirmam que mudança de Aras no comando da Greenfield é inconstitucional
Um grupo de sete conselheiros do Conselho Superior do Ministério Público Federal divulgou, nesta sexta-feira, 27, uma nota pública em que criticam mudanças promovidas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, no comando e na estrutura da Operação Greenfield, responsável por investigações na Caixa e nos fundos de pensão. Segundo eles, da maneira que foi feita,...
Um grupo de sete conselheiros do Conselho Superior do Ministério Público Federal divulgou, nesta sexta-feira, 27, uma nota pública em que criticam mudanças promovidas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, no comando e na estrutura da Operação Greenfield, responsável por investigações na Caixa e nos fundos de pensão.
Segundo eles, da maneira que foi feita, a escolha do novo procurador para conduzir as investigações é inconstitucional. Eles ainda alertam para "casuísticas substituições" de procuradores que remetem a momentos "anteriores à Constituição de 88" - uma referência à ditadura militar.
Os subprocuradores-gerais ressaltam que a Greenfield está, desde 2019, sem procuradores exclusivos, "em contraste com a magnitude e a complexidade dos casos investigados, bem como à revelia das inúmeras manifestações de seus membros acerca da necessidade de prorrogação, ampliação e estrutura de apoio compatíveis com os planos de trabalho em execução".
A situação, segundo eles, se "agudizou" com a saída do procurador Anselmo Lopes. Em seu lugar, assumiu Claudio Drewes, que está afastado por ser o chefe da Procuradoria da República em Brasília.
Nesta quinta-feira, 27, o procurador-geral nomeou ao cargo de procurador natural da força-tarefa Greenfield Celso Antonio Tres, um crítico ferrenho à Operação Lava Jato. Ele foi o único a se inscrever em um edital aberto pela própria Procuradoria-Geral da República para preencher a vaga de procurador responsável pelos casos da Greenfield. Procuradores ouvidos por Crusoé afirmam que o fracasso no número de inscrições para este edital se deve justamente à desconfiança pela falta de amparo da PGR à força-tarefa.
"A despeito de ter sido publicado um edital para escolha de um “novo procurador natural”, para o qual houve apenas um interessado, e por maior que seja a experiência e a qualificação do Procurador da República ora designado, tal sistemática não se coaduna com o princípio do procurador/promotor natural (CF, art. 5º, LIII), adotado na ordem constitucional atual como ferramenta destinada a prevenir e impedir casuísticas designações/destituições/substituições de membros do Ministério Público, tão frequentes quanto impróprias em momentos anteriores à Carta de 1988", sustentam.
Os subprocuradores-gerais ainda criticam o silêncio da PGR diante de pedidos de prorrogação da Greenfield e para que os procuradores Leandro Musa e Sara Moreira, detentores da memória das investigações, permanecessem em Brasília e não fossem removidos para suas procuradorias de origem.
Os signatários da nota pedem para que os pontos da reestruturação proposta por Aras sejam "adequadamente revistos e solucionados, e que sejam prontamente discutidos e definidos os melhores canais de funcionamento das forças-tarefas no bojo do Projeto de Resolução pendente de votação no Conselho Superior, com a garantia de efetiva participação desse Órgão colegiado, das Câmaras de Coordenação e Revisão e da Corregedoria-Geral do MPF".
Assinam a nota os subprocuradores-gerais da República José Adonis, Bonifácio Andrada, José Eleares Marques Teixeira, Luiza Frischeisen, Maria Caetana Cintra, Nicolao Dino, e Mário Bonsaglia - este último ficou em primeiro lugar na lista tríplice ao cargo de Aras, mas foi preterido por Bolsonaro.
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Comentários (10)
Luiz
2020-11-28 08:46:35presidente traidor. país da impunidade, pobre povo brasileiro honesto
Maria
2020-11-28 08:20:20Me arrependo amargamente de ter votado no Bolsonaro! Como o sujeito conseguiu enganar a tanta gente??? MORO 2022
Silvana
2020-11-28 08:05:03Única resposta a isso: em 2022 traremos o Moro de volta ao centro do poder. Se não for candidato à presidência, voto em quem tiver seu apoio.
MARCOS
2020-11-28 08:00:25Esse PGR envergonha a Bahia, terra que nos deu o grande jurista e político Rui Barbosa. Todas os seus atos são em obediência canina às ordens do capitão presidente e da camarilha do Centrão, cuja grande parte está com processos pendentes de julgamento, e outros já condenados em instâncias inferiores. VERGONHA! Que venha MORO, para moralizar essas instituições.
Avelar
2020-11-28 07:37:12Não entendo esse imbróglio todo mas sei que o artigo 5°, inciso LIII, da CF trata de assunto totalmente diverso. Está lá:"ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente." Nenhuma relação com esse caso.
TARSA
2020-11-28 05:02:39Bolsonaro desmontou o combate a corrupção no Brasil. Sua principal ação direta para este desmonte foi colocar o Aras como PGR. Uma segunda ação com o propósito também de desmontar o combate a corrupção foi retirar o Sérgio Moro do ministério da justiça. A terceira importante ação foi colocar no STF o juiz "garantista" Kássio Nunes que tem linha de trabalho similar a Lewandovisk, Gilmar Mendes e Marco Aurélio de Melo. Há ainda inúmeras outras ações do próprio STF e do congresso neste sentido.
Aguia
2020-11-27 17:36:42O Aras Bichuerba?
Marcio
2020-11-27 17:20:40Esse Aras tá muito mais prá BANDIDO do que prá mocinho.Seu objetivo de vida é destruir a lava jato.É triste ter que aturar um verme deste!
Emílio
2020-11-27 16:55:26Muito bem conselheiros, está instituição é maior que este ilegítimo PGR , escolhido a dedo para livrar a cara dessa camarilha que tomou de assalto nosso país e nossa esperança, AVANTE.
Jose
2020-11-27 16:48:07E quando o Aras vai ser preso? Vamos lá MPF, vocês já possuem bastante evidências!