Heleno rebate versão de Sara Winter sobre reunião: 'Não houve discórdia ou reprimenda'

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Augusto Heleno (foto), respondeu a críticas de Sara Winter e rebateu nesta segunda-feira, 5, a versão da ativista sobre uma reunião realizada no Palácio do Planalto.

No fim de semana, em um desabafo recheado de opiniões contrárias a recentes atos do governo Jair Bolsonaro, Sara afirmou que o general chegou a convocá-la para discutir a postura do grupo "300 do Brasil". Ela narrou que, à época, o titular do GSI havia recebido e-mails de veículos de imprensa com queixas sobre a hostilidade dos militantes.

Na reunião, relata a ativista, Heleno a "proibiu de gritar com a imprensa, de mandá-los embora, de gritar 'globo lixo'". "Pq [sic], né... Coitadinhos dos jornalistas que fodem a vida do Bolsonaro todo dia. Eles precisam trabalhar, dona Sara. Não os incomode mais", escreveu nas redes sociais.

Nesta segunda-feira, entretanto, o general desmentiu o relato. Heleno confirmou ter recebido em seu gabinete Sara e outros integrantes do "300 do Brasil", em maio. Mas afirmou que todos travaram "um diálogo amistoso, educado e produtivo". "Objetivo era aconselhá-los a moderar suas posições e colaborar com a segurança de todos na porta do Alvorada. Não houve qq [sic] tipo de discórdia, reprimenda ou ameaça", assegurou.

https://twitter.com/gen_heleno/status/1313200382106120206?s=20

À época da reunião, o "300 do Brasil" acampava na Esplanada dos Ministérios e pedia uma nova intervenção militar com frequência, fazendo duras críticas a Legislativo e Judiciário. No fim de maio, o grupo realizou um protesto contra o Supremo Tribunal Federal com máscaras, roupas pretas e tochas. O ato assemelhou-se a manifestações realizadas pelo “Ku Klux Klan”, grupo supremacista norte-americano. Os ataques à imprensa também eram usuais.

Em resposta, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decretou a prisão de Sara Winter e de outros cinco integrantes do movimento no âmbito do inquérito que investiga o financiamento e a promoção de atos antidemocráticos. Eles ficaram na cadeia entre 15 e 24 de junho e usam tornozeleira eletrônica até hoje.

Na última edição de Crusoé, a reportagem mostrou o desconforto dos mais radicais apoiadores de Jair Bolsonaro com a nova postura do Planalto, que abriu espaço para o Centrão, afastou integrantes da ala ideológica e ampliou o diálogo com a Suprema Corte e o Congresso.