Em acordo com Brasil, EUA propõem que governo avalie impacto ambiental de suas medidas
Brasil e Estados Unidos finalmente sentarão à mesa de negociações nas próximas semanas para assinar um acordo bilateral sobre "Boas Práticas Regulatórias", visto como crucial pelo Itamaraty para o avanço das negociações comerciais com os americanos. O texto sigiloso apresentado por Washington ao Ministério das Relações Exteriores, obtido por Crusoé, sugere que medidas regulatórias editadas...
Brasil e Estados Unidos finalmente sentarão à mesa de negociações nas próximas semanas para assinar um acordo bilateral sobre "Boas Práticas Regulatórias", visto como crucial pelo Itamaraty para o avanço das negociações comerciais com os americanos.
O texto sigiloso apresentado por Washington ao Ministério das Relações Exteriores, obtido por Crusoé, sugere que medidas regulatórias editadas pelo governo passem por uma avaliação de impacto sobre, dentre outras áreas, o meio ambiente. O objetivo central é a redução de barreiras aos investimentos norte-americanos no país.
O acordo vai ao encontro das medidas que o Brasil já vinha adotando desde 2017 para tornar o seu ambiente regulatório menos burocrático e mais previsível, o que dá maior segurança jurídica a investidores. A assinatura é uma das condições dos americanos para que seja alcançada a meta do embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, de dobrar o comércio entre os dois países.
Se assinado, o tratado vai reforçar a importância da chamada AIR, a Análise de Impacto Regulatório, que está em vias de se tornar obrigatória em virtude da Lei da Liberdade Econômica, sancionada em setembro do ano passado pelo presidente Jair Bolsonaro -- o decreto que regulamenta a análise estará válido para toda a administração federal a partir de outubro. O mecanismo faz com que o governo avalie as consequências e alternativas para resolução de um problema antes de editar uma medida.
O texto proposto pelos Estados Unidos endossa os dispositivos já em vigor no Brasil e avança em certos pontos, como na área ambiental. Os americanos sugerem que os governos devem avaliar custos e benefícios de suas regulações, “incluindo os impactos relevantes (como efeitos econômicos, sociais, ambientais, de saúde pública e segurança)”.
Por exemplo: caso o governo avance na regulamentação do garimpo em terras indígenas, o acordo obrigaria que o Planalto avaliasse as consequências de seu ato na economia, na população indígena e no meio ambiente. Tudo isso de forma transparente, permitindo a participação da sociedade e tornando claras as informações e estudos que embasam a proposta.
O acordo prevê também que o governo deve estudar o impacto de suas medidas sobre as pequenas empresas e considerar alternativas para minimizar efeitos econômicos "adversos".
Outra inovação em discussão é a indicação de um único órgão do governo para centralizar e coordenar as medidas regulatórias editadas por toda a administração. Esse órgão também ficaria responsável por uma espécie de portal da transparência, onde devem ser divulgadas informações sobre atos normativos que estão em estudo e planejamento. Com isso, o governo fica obrigado a publicar o rascunho das regulações que pretende editar, explicando a proposta e as informações que usou como base para elaborar cada medida.
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Comentários (3)
Alberto
2020-07-25 22:29:48É importante o Brasil se juntar aos bons, melhor ainda, com transparência, evitando assim, o escamotearmente geral que o Brasil viveu por mais de 30 anos. O Brasil está mudando! Bora Brasil
Jose
2020-07-25 17:41:00Excelente medida, vai evitar ou tornar mais difícil a passagem da boiada.
Volf MS
2020-07-25 17:01:46A foto é tipo assim, fiquem tranquilos já mandei ele assinar. É o ditado do, manda quem pode obedece quem tem juizo ou é puxa saco.