Os abalos da votação do Fundeb na base aliada de Jair Bolsonaro
A aprovação da PEC do novo Fundeb foi apresentada pelo Palácio do Planalto como uma vitória de Jair Bolsonaro, mas a votação do texto gerou abalos na base aliada do governo. A decisão do presidente de retirar a deputada federal Bia Kicis, do PSL do Distrito Federal, da vice-liderança motivou críticas de integrantes da ala...
A aprovação da PEC do novo Fundeb foi apresentada pelo Palácio do Planalto como uma vitória de Jair Bolsonaro, mas a votação do texto gerou abalos na base aliada do governo. A decisão do presidente de retirar a deputada federal Bia Kicis, do PSL do Distrito Federal, da vice-liderança motivou críticas de integrantes da ala ideológica, de militantes de direita e de blogueiros bolsonaristas.
O presidente destituiu Kicis do cargo por seu voto contrário à proposta de emenda à Constituição que tornou permanente o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.
Além de Bia Kicis, outros cinco parlamentares do PSL e o deputado Paulo Eduardo Martins, do PSC, votaram contra a PEC do Fundeb. A proposta passou pela Câmara com 499 votos favoráveis e apenas sete contrários. Logo após a proclamação do resultado, pipocaram nas redes sociais postagens com os nomes dos parlamentares que se opuseram ao aumento de recursos para a educação básica, com duras críticas ao voto. E, desde então, Jair Bolsonaro tenta se afastar do posicionamento dos deputados, que estão entre os principais apoiadores do Planalto na casa.
O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, investigado pelo Supremo no inquérito das fake news, afirmou na manhã desta quinta-feira que a retirada de Bia Kicis da vice-liderança foi uma “retaliação” por seu voto no Fundeb e comparou o episódio a uma punição imposta pelo PT em 2009 a um deputado federal que condenou a legalização do aborto.
No início do mês, Bolsonaro já havia desagradado à ala ideológica ao retirar da vice-liderança do governo na Câmara o deputado Daniel Silveira, investigado pelo Supremo. Daniel atribuiu a decisão ao ministro da Secretaria de Governo, Luiz Ramos, e atacou o general nas redes sociais.
Incomodados com as críticas pelo voto contrário ao Fundeb, os bolsonaristas tentaram se justificar pela rejeição à PEC e associaram o fundo de educação a projetos da esquerda. “Ninguém é contra a educação básica, e sim a constitucionalização de um modelo que não funciona”, argumentou Júnio Amaral, do PSL.
“Financiamento da educação nada pode ter a ver com conteúdo e o único meio saudável de financiamento tem de ser com recursos descentralizados”, justificou a deputada Chris Tonietto. “Lutar por uma educação de qualidade é retomar o seu verdadeiro objeto, qual seja, elevar o aluno à sabedoria e não instrumentalizá-lo”, acrescentou.
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