A revolução tecnológica nos sensores inteligentes ganha força com a criação de uma língua artificial, que promete transformar o diagnóstico médico e a segurança alimentar.
Desenvolvida por cientistas chineses e publicada na revista PNAS em julho, essa tecnologia utiliza membranas de óxido de grafeno para detectar sabores em líquidos, reproduzindo o funcionamento das papilas gustativas humanas.
Este avanço é um marco na computação neuromórfica, permitindo que dispositivos eletrônicos imitem o aprendizado cerebral.
Origem e estrutura
Os experimentos foram conduzidos por um grupo de pesquisadores liderados pelo professor Yong Yan, do Centro Nacional de Nanociência e Tecnologia da China.
O dispositivo baseia-se em camadas ultrafinas de óxido de grafeno, que funcionam como filtros moleculares, permitindo a passagem de íons responsáveis pelo sabor através de canais microscópicos.
Nos testes, a língua artificial mostrou precisão de 72,5% a 87,5% ao identificar sabores básicos, como doce, salgado, azedo e amargo. Quando aplicada a bebidas complexas, como café, a taxa de acerto subiu para 96%, destacando sua eficácia superior a sistemas anteriores.
Aplicações práticas
A língua artificial tem potencial para impactar diretamente setores como a indústria alimentícia e a medicina. Sua capacidade de identificar contaminações em líquidos pode assegurar a qualidade de alimentos e bebidas, sendo uma ferramenta essencial para a segurança alimentar.
Além disso, ela pode ser utilizada no diagnóstico precoce de doenças por meio de alterações no paladar, colaborando na detecção de condições médicas frequentemente associadas a mudanças gustativas.
Um diferencial importante do sistema é sua “memória gustativa”, que retém informações por até 140 segundos, prolongando a análise de dados além das capacidades convencionais de sensores.
Desafios técnicos
Apesar dos avanços, ainda há desafios significativos a serem superados. Atualmente, o protótipo é grande e consome muita energia, o que limita sua portabilidade. Os cientistas estão empenhados em miniaturizar o dispositivo e melhorar sua eficiência energética para expandir suas aplicações práticas.
A utilização do óxido de grafeno como base da tecnologia aumentou o interesse mundial no projeto, estimulando pesquisas adicionais e colaborações internacionais. Uma vez que esses obstáculos sejam superados, a língua artificial pode ser integrada em contextos variados.