Por muito tempo, a Grande Muralha da China era considerada a única obra humana visível do espaço a olho nu. Desmentida em 2004, Yang Liwei foi o primeiro astronauta chinês a entrar em órbita terrestre.
Afirmando não conseguir ver a Muralha nessas condições, a declaração dele causou grande repercussão, colocando em xeque um dos mitos mais populares sobre o monumento.
Dependendo de diversos fatores, a visibilidade de obras humanas a partir do espaço envolve condições atmosféricas, segundo a Academia de Ciências da China (ACC).
A realidade por trás
Tendo também a capacidade do observador de interpretar o que se vê e a localização de onde se observa, essas questões incluem a Grande Muralha da China vista do espaço. Ou seja, as construções como as pirâmides do Egito ou a hidrelétrica de Itaipu podem até ser vistas, mas não com facilidade e nem sempre a olho nu.
A NASA se manifestou sobre o tema depois de um erro de identificação em imagens tiradas do espaço. A agência americana acreditava ter encontrado a Muralha, mas depois descobriu que se tratava do traçado de um rio entre montanhas. Diante disso, reconheceu publicamente que a construção histórica não é visível do espaço sem uso de aparelhos adequados.
O astrônomo e comunicador científico Phil Plait, em sua coluna para a revista Scientific American, disse que a visão humana possui limitações naturais. Isso pode acontecer quando se trata de distinguir objetos muito distantes. Com uma resolução angular média de um minuto de arco, é uma medida que indica a menor separação angular que se pode perceber entre dois pontos.
Mesmo que a Muralha tenha aproximadamente 21 mil quilômetros de extensão, a largura dela é de cerca de 4 metros, deixando o objeto muito fino para ser detectado facilmente do espaço. Para que uma pessoa visse a partir da Lua, por exemplo, tendo 380 mil quilômetros da Terra, seria necessário distinguir uma linha extremamente fina.
Significando quase dez milésimos de um minuto de arco, é impossível para a visão humana localizar a Muralha. Todos esses fatores mostram que a visibilidade de construções do espaço não depende somente do tamanho. Inclui largura, contraste com o entorno e capacidade do olho humano. Por isso, a ideia de que seria facilmente vista é mais um mito do que realidade comprovada.