Os distúrbios do sono são uma preocupação crescente entre os que lidam com pacientes de Alzheimer. Estudos recentes apontam que a privação de sono pode acelerar o declínio cognitivo e aumentar o risco do desenvolvimento da doença.
A falta de sono adequado prejudica o processo crucial de remoção de proteínas nocivas no cérebro, como a beta-amiloide e a tau, presentes em pacientes com Alzheimer.
Pesquisadores da Washington University School of Medicine identificaram que a privação de sono em indivíduos, especialmente entre aqueles com mais de 50 anos, está associada a um risco aumentado de demência em um período de 25 anos.
A análise das funções cerebrais durante o sono revelou que a eliminação de resíduos metabólicos, facilitada pelo sistema glinfático, é essencial para prevenir o acúmulo dessas proteínas.
A importância do sono na prevenção do Alzheimer
O funcionamento inadequado do sistema glinfático, decorrente da falta de sono, impede a completa remoção de toxinas cerebrais. Isso contribui não apenas para o acúmulo de beta-amiloide, mas também de outras proteínas que podem deteriorar ainda mais as funções cognitivas e acelerar o Alzheimer.
A síndrome de apneia obstrutiva do sono, comum em idosos, é identificada como um fator de risco adicional pelo potencial de agravar o acúmulo destas substâncias. A relação entre sono e Alzheimer continua a ser uma área ativa de pesquisa, com resultados que enfatizam a importância de práticas adequadas de sono na prevenção da doença.
Avanços em tratamentos medicamentosos
Pesquisas recentes têm explorado o Lemborexant, um medicamento indicado para insônia, e seus potenciais efeitos contra o Alzheimer.
Estudos preliminares em modelos animais mostraram que o fármaco pode melhorar o sono e reduzir os níveis de proteína tau nos cérebros dos camundongos. No entanto, esses achados ainda aguardam confirmação em estudos clínicos com humanos.
No que tange ao uso da melatonina, seu papel no tratamento dos distúrbios do sono em pacientes de Alzheimer ainda é motivo de debate. Embora tenha potencial como regulador do sono, faltam evidências científicas conclusivas sobre sua eficácia para esse grupo específico de pacientes.
Estratégias comportamentais
Além de tratamentos farmacológicos, práticas comportamentais são fundamentais. Recomendações incluem evitar estimulantes como cafeína nas horas que antecedem o sono, manter um ambiente escuro e calmo à noite e incentivar a rotina regular de sono e atividade física durante o dia.
Essas estratégias, aliadas à estimulação cognitiva constante por meio de leitura e jogos mentais, podem ajudar a retardar o avanço dos sintomas do Alzheimer.
Por fim, as pesquisas sobre a interação entre sono e Alzheimer ainda estão em evolução, com novas descobertas que prometem aperfeiçoar as estratégias de intervenção e prevenção.