Por menos privilégios
Paulo Uebel, o ex-secretário do Ministério da Economia que ajudou a desenhar a reforma administrativa, diz que a pressão popular pode fazer com que o Congresso inclua os atuais servidores nas novas regras
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O lobby dos servidores públicos por décadas assombrou os ocupantes do Palácio do Planalto. Com a pressão do funcionalismo, categorias conquistaram benefícios e privilégios impensáveis na iniciativa privada e tiveram generosos reajustes salariais, com aumentos reais até 130% acima da inflação. As benesses não se converteram em melhorias dos serviços prestados aos cidadãos pagadores de impostos. Pelo contrário. Os indicadores sociais brasileiros despencam enquanto a folha de pagamento do governo federal cresce sem controle. Em 2018, ainda na transição, o especialista em administração pública Paulo Uebel foi escalado por Paulo Guedes para mexer nesse vespeiro. Nomeado secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, o ex-CEO de empresas multinacionais ficou 20 meses no governo e deixou o cargo no mês passado. Saiu do Ministério da Economia ao se convencer da completa falta de empenho não só no governo, mas também nos outros poderes, para mudar o quadro. O pedido de demissão de Uebel, entretanto, teve o poder de chacoalhar a Esplanada e constranger aqueles que, por razões políticas ou interesses pessoais, se opunham à reforma administrativa. Poucas semanas após a saída dele, o presidente Jair Bolsonaro desistiu de postergar o envio da proposta até 2021 e mandou logo o texto para o Congresso.
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Comentários (10)
Anselmo
2020-10-06 21:31:16Há verdade no que ele fala. Mas, gostaria de saber o que cargos como juiz, promotor, diplomata, auditor da receita, etc fazem fora a título de remuneração extra? Ele joga ao vento mentiras e a Crusoé, combativa das fake news, "aceita". Ou seja, contra servidor, vale tudo.
Jose
2020-10-05 17:16:23Esta demorando muito esta reforma. Com ela as outras reformas, tributaria, politica, etc teria outra dimensão. Precisamos URGENTE de mobilizar o POVO para podermos ter um BRASIL enxuto ,potente , competente e respeitado AQUI e LA FORA
Marcos
2020-10-05 15:06:37Parabéns Crusoé pela excelente entrevista. O povo, que é quem paga essa farra com o dinheiro dos impostos, precisa saber em detalhes o que uns poucos fazem com seus impostos. Precisamos aprovar essa reforma administrativa, a política, a tributária, bem como fazer aqui o mesmo que a Itália 🇮🇹 fez, que é a redução em, pelo menos, 1/3 do número de deputados e senadores. Não podemos esquecer de reduzir, também, o número de municípios com seus prefeitos, vices e vereadores, além dos seus aspones.
Leandro Domingues
2020-10-05 08:54:58Boa matéria. Tenho minhas dúvidas sobre o efeito prático no dia a dia de servidores. Exem.: os subordinados ficarão ainda mais submissos aos chefes, com medo de serem demitidos? quando presenciarem peculato, poderão denunciar e terão seu cargo preservado? Gosto da idéia da reforma, ela é muito necessária, mas precisamos estruturar melhor a implementação e garantir que tenhamos as tecnologias necessárias para controlar abusos de chefias e partidos políticos.
Sandra
2020-10-05 03:58:00Essa reforma cria a possibilidade do estado inteiro virar um mar de indicações políticas Se hoje não há qualidade no serviço público, com essa reforma não haverá mais nenhuma qualidade e troca de indicados a cada eleição. Serra mais caro e muito pior
Rodrigo
2020-10-04 22:18:26Sou Policial Federal , fiz um dos concursos mais difíceis do Brasil e sirvo meu país com eficiência e orgulho , apenas pra ver esse senhor me tratar como bandido e cuspir nos meus direitos honestamente adquiridos . Cortem antes os assessores e ccs inuteis , as fundaçoes e estatais deficitárias e corruptas , as transferências bilionárias para algumas ongs ( nao todas ) de faixada , os privilegios inaceitaveis e exclusivos de militares , desembargadores etc .... e depois venham querer conversar !
Flavia
2020-10-04 17:22:33Excelente!!
Scully
2020-10-04 16:05:19Se pretendem reduzir gastos comecem com dignidade: auditorias de verdade (que não existem) e cortes de gastos de todos: políticos, militares, governos, juízes, funcionários públicos... Não se consegue controlar nem os cartões corporativos...faça-me o favor! chega de enganação!!
Izabel
2020-10-04 15:05:18é tanto absurdos que eu acho que o conserto será começar tudo de novo ... vende tudo ... e quanto ao judiciário será mais fácil lidar tendo coragem e sem reeleição
Tal
2020-10-04 11:46:08Excelente matéria. Uma bandalheira a política de privilégios. Pior que a política é o uso da "força" e do "cinismo pra garantir os privilégios. Dentro dessa multidão onde se aboletam os funcionários públicos está o interesse disfarçado (ou não) da turba imensa que gravita no Congresso Nacional, no Judiciário - com os verdadeiros absurdos nos Supremos da vida -, nas Embaixadas, Consulados e que tais (longe das vistas do povo), nas Câmaras de Vereadores, na Câmara Legislativa da capital do país.