Grupo TAPA: “Os consultórios psicanalíticos e os teatros estão cheios”

26.07.24

Para o ator Brian Penido Ross, do grupo TAPA, os consultórios analíticos e os teatros encheram no pós-pandemia. “As pessoas precisam ter contatos humanos. Nós estamos tendo um bom público. As peças estão lotadas. Há um boom no teatro“, diz ele.

Penido Ross e Eduardo Tolentino, diretor e fundador do TAPA, são os entrevistados do Crusoé Entrevistas desta semana.

Eu estou impressionado com a quantidade de espetáculos lotados que tem em São Paulo hoje“, diz Tolentino. “O teatro, como a psicanálise, é ao vivo. E as pessoas têm uma necessidade comunitária. Não dá para dizer que assistir ao jogo de futebol pela televisão é a mesma coisa que ver no Maracanã ou no Morumbi. Todo trabalho humano que tem a possibilidade de ser ao vivo é muito mais vibrante.”

O grupo começou no Rio de Janeiro, em 1974, na PUC-Rio, já com o acrônimo para Teatro Amador Produções Artísticas, TAPA.

Ao vir para São Paulo para encenar uma peça no teatro da Aliança Francesa, na Vila Buarque, o grupo negociou para continuar usando o espaço. Então, passaram-se quinze anos com apresentações no mesmo local, com a parceria sendo sempre renovada. No ano passado, contudo, foi anunciado que o imóvel seria demolido para a construção de um prédio.

Sendo assim, apesar do público querer assistir às peças, as companhias estão com dificuldade para encontrar lugares para encenar seus textos.

Infelizmente, houve uma decadência da cultura francesa no Brasil, talvez no mundo inteiro. O Brasil já foi um país bem afrancesado. Então a Aliança Francesa foi perdendo aluno. Foi deixando de ser importante aprender francês, assim como tocar piano“, diz Brian Penido Ross. “Com a pandemia, também começaram as aulas online. A Aliança Francesa nunca voltou como era antes.”

Além do fechamento do teatro da Aliança Francesa, a Cultura Inglesa também fechou o seu teatro no bairro de Pinheiros, em São Paulo.

Mas o TAPA segue. “O que a gente tem é a continuidade. Nós superamos várias coisas: pandemias, confiscos. Nós continuamos vivos, e isso foi trazendo um público fiel. É emocionante. Tem gente que viu nosso espetáculo na década de 1990 com a escola e hoje leva os filhos e até os netos“, diz Tolentino. “Fizemos grandes sucessos e grandes fracassos.”

Penido Ross, que estrela atualmente a peça Freud e o Visitante no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, afirmou que a principal característica do TAPA é ser “textocêntrico“.

É tudo a partir do texto. A gente escuta o que o texto está dizendo, não tentamos inventar em cima dele“, diz o ator. “Nós escutamos o texto e tentamos fazer o que ele nos pede.”

Assista à entrevista abaixo:

 

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