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    Edição Semana 369

    Infância apagada

    Como a ditadura russa tenta apagar todos os traços de identidade ucraniana nas crianças que vivem em territórios invadidos

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    João Pedro Farah
    8 minutos de leitura 30.05.2025 03:30 comentários 3
    Jovens no território de Donetsk, sob influência da educação russa.
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    A ditadura de Vladimir Putin tem implementado na Ucrânia um projeto sistemático de doutrinação ideológica para apagar todo vestígio de identidade cultural ucraniana.

    Os principais alvos dessa ofensiva são as crianças das regiões militarmente ocupadas no leste da Ucrânia, entre elas, Donetsk, Luhansk Zaporizhzhia, Kherson e a península da Crimeia, invadida em 2014.

    Segundo a ONG Centro de Educação Cívica 'Almenda', cerca de 1,6 milhão de menores vivem sob o domínio russo.

    Desses, apenas 1,5% menores mantêm acesso ao ensino da língua ucraniana.

    Como esses dados foram fornecidos pela Rússia, a porcentagem pode ser ainda menor.

    A propaganda russa começa cedo nos livros didáticos utilizados em escolas, que têm o objetivo de formar futuras gerações militares fiéis ao Kremlin.

    Para impulsionar a doutrinação, a Rússia destinou mais de 700 milhões de dólares para "políticas de juventude", em 2026.

    Mudança curricular

    Desde os primeiros dias de ocupação da Crimeia, a Rússia começou a erradicar a identidade ucraniana entre as crianças.

    Nas escolas, todos os livros em ucraniano foram retirados. Várias foram destruídas.

    Maria Sulialina, diretora da ONG Almenda, afirma que a tentativa é ensinar uma história em que a Ucrânia não existe.

    "Eles não estão tentando reescrever a história da Ucrânia. O grande problema é que não há Ucrânia nos livros. Nos materiais escolares, o país não é tratado como independente", diz Maria.

    "Nos manuais escolares, a Ucrânia é citada como um Estado criado artificialmente", afirma.

    Além do currículo tradicional, o governo russo introduziu disciplinas sobre o patriotismo e guerra na grade curricular.

    Também começaram a oferecer cursos sobre como identificar aquilo que os russos classificam de "extremismo ucraniano" nas escolas.

    Na prática, eles ensinam aos menores sobre como reconhecer um indivíduo pró-Ucrânia, criando um ambiente intimidatório de viligância.

    "Os russos não querem que pessoas se identifiquem como ucranianas nos territórios ocupados. Por isso, começam a trabalhar desde cedo com as crianças", diz Maria.

    Militarização

    Com objetivo de aumentar o número de soldados reservistas para lutar contra a Ucrânia, o governo russo incentiva movimentos civis "patrióticos" pró-Rússia, para apresentar a doutrina militar aos menores.

    Como as crianças têm menos acesso a outras fontes de informação, fica mais fácil recrutar crianças para esses grupos.

    Um desses movimentos se chama Orlata, e é composto por crianças pequenas.

    Para seduzi-las, a ditadura cria narrativas fantasiosas.

    "Os russos inventaram uma lenda de que esse movimento foi proposto por uma garota da Crimeia, que queria restaurar o pioneirismo do movimento anterior à União Soviética. Ela teria escrito uma carta para Putin, e ele decidiu criar esse movimento", diz Maria.

    Desde cedo, as crianças se envolvem em jogos militares e em celebrações da cultura russa.

    Além disso, os menores são obrigados a usar uniformes do exército, manejar armas de fogo e participar de pequenas ações militares.

    O objetivo é que eles passem a se sentir parte da Rússia, e não da Ucrânia.

    Os pais, diante da lavagem cerebral, encontram dificuldades para explicar aos filhos que eles estão acreditando em uma narrativa fantasiosa.

    "Os pais têm nos contado casos de crianças que vão à escola e desenham a bandeira russa como se fosse a bandeira do país deles", conta Maria.

    Clandestinidade

    Apesar dos riscos, existem professores que tentam preservar a identidade cultural ucraniana de maneira clandestina.

    "As crianças de 11 anos não têm mais acesso à língua ucraniana. Então, há casos de jovens que estão aprendendo ucraniano com diferentes professores, fora da escola. Aprender a língua nativa tornou-se algo perigoso para eles", diz Maria.

    Para não serem descobertos, os adultos que ensinam língua ucraniana estão se fazendo de professores de violão ou de outra coisa, pois precisam esconder o que estão fazendo.

    A atmosfera de medo é ainda pior para os pais, que vivem um dilema entre contar a verdadeira história da Ucrânia ou proteger a família do risco de punições.

    As crianças que se manifestam em favor da Ucrânia nos colégios muitas vezes são enviadas para um psicólogo.

    Os pais, então, podem perder o emprego.

    A ONG Almenda identificou casos em que professores denunciaram menores por usarem símbolos ou roupas ligadas à cultura ucraniana.

    Também há relatos de prisões políticas por expressarem posicionamento pró-Ucrânia.

    Futuro

    Para María Sulialina, a única maneira de salvar as crianças do sistema de doutrinação e militarização russa será pela libertação dos territórios.

    "Quem vive em territórios ocupados não pode nem sequer frequentar escolas ucranianas on-line. A Rússia persegue todo mundo. Sendo assim, só seremos capazes de ajudar essas crianças quando os territórios forem libertados", afirma.


    Leia entrevista de Crusoé com Maria Sulialina, diretora da ONG Almenda.

    Qual é o foco do seu trabalho?

    Nossa organização é focada nas crianças que vivem nos territórios ocupados.

    São crianças que estão vivendo sob o sistema de doutrinação política. Eles estão sujeitos à propaganda da guerra da Federação Russa.

    Então, basicamente estamos falando de crianças de idades menores. Desde os jardins de infância.

    E vemos, desde 2014, que a Rússia construiu um sistema para erradicar a identidade ucraniana dessas crianças.

    Por que a Rússia tenta doutrinar as crianças?

    Em primeiro lugar, estamos falando de educação formal — e isso é importante ressaltar — porque as crianças nos territórios ocupados não têm a possibilidade de não frequentar a escola. Então, elas são obrigados a irem.

    Desde 2014, nos primeiros dias de ocupação, a Rússia tem usado essa educação como uma ferramenta para militarizar e doutrinar politicamente as crianças.

    Tudo o que estava escrito na língua ucraniana foi retirado das escolas.

    Livros didáticos, matérias… por exemplo, se antes da ocupação da península da Crimeia todas as crianças estudavam a língua ucraniana, agora apenas 1,5% estudam ucraniano.

    Como essas informações foram fornecidas pela Rússia, imaginamos que o dado seja ainda menor.

    Mas quando olhamos para o contexto, a escola que é chamada de escola ucraniana não tem mais nada de educação em ucraniano.

    Também não há livros didáticos ucranianos em língua ucraniana impressos.

    Todos os livros ucranianos foram retirados das escolas. Alguns deles foram fisicamente destruídos.

    O problema disso é que a maior parte dos livros russos trazem propaganda russa, sobretudo os de história.

    Nos livros de geografia e literatura, há uma clara intenção de construir uma identidade russa nas crianças.

    Por que a Rússia investe mais nas crianças?

    Basicamente, o que a Rússia está tentando fazer com nossas crianças é criar essa atitude de estar pronto para lutar por eles.

    A principal ideia é formar as crianças ucranianas como russas, para que elas estejam dispostas a lutar pela Federação Russa.

    Os russos ressaltam a importância do patriotismo nas escolas, o que significa estar pronto para lutar pela Rússia.

    Eles querem criar uma geração pronta para mais mobilizada pelo Exército russo.

    Existem professores ucranianos clandestinos?

    As crianças de 11 anos não têm mais acesso à língua nativa, ucraniana.

    Temos casos de que jovens que estavam aprendendo o ucraniano com diferentes professores fora da escola.

    Mas ensinar a língua é perigoso para eles. Então, não dá para encontrar esses professores de língua ucraniana on-line.

    Eles são, por exemplo, professores de guitarra ou algo relacionado a isso. Eles precisam esconder que estão ensinando ucraniano às crianças.

    Qual sua perspectiva para reverter o cenário?

    Sobre ações realistas, a gente pode continuar pressionando a Rússia para acabar com essa militarização e doutrinação.

    No momento, nós vemos a situação piorando. Ao menos, a gente precisa parar isso no ponto em que está e não deixar piorar ainda mais.

    Nós devemos garantir que a Rússia vai parar de bloquear o acesso dessas crianças à cultura ucraniana.

    Do ponto de vista estratégico, nós não seremos capazes de realmente ajudar essas crianças até liberarmos os territórios.

    Sem libertarmos as regiões ocupadas, os russos continuarão pressionando as crianças.

    Pessoas são presas por defender posições pró-Ucrânia.

    Por isso, a libertação das crianças não é apenas importante para as crianças em territórios ocupados, mas também para todas as crianças.

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    João Pedro Farah

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    Comentários (3)

    Carlos Renato Cardoso Da Costa

    2025-05-31 04:49:52

    Lastimável.


    MARCOS

    2025-05-30 18:16:44

    A ALEMANHA NAZISTA FEZ EXATAMENTE IGUAL.


    Marcelo Tolaine Paffetti

    2025-05-30 11:13:52

    E tanto o Bozo qto o Lule sentam no colinho de Putin. O amor é lindo.


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    Comentários (3)

    Carlos Renato Cardoso Da Costa

    2025-05-31 04:49:52

    Lastimável.


    MARCOS

    2025-05-30 18:16:44

    A ALEMANHA NAZISTA FEZ EXATAMENTE IGUAL.


    Marcelo Tolaine Paffetti

    2025-05-30 11:13:52

    E tanto o Bozo qto o Lule sentam no colinho de Putin. O amor é lindo.



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