Ditadura cubana reconhece retenção de passaportes de escravos
Em programa na televisão oficial, ministro de Saúde da ditadura confirmou a prática nas missões ao exterior, como no programa Mais Médicos

A ditadura de Cuba reconheceu oficialmente um dos fatores que configuram a escravidão nas missões médicas, como o programa Mais Médicos que ocorreu durante o governo de Dilma Rousseff.
Trata-se da retenção de passaportes dos profissionais que viajam para trabalhar em outros países.
Sem os passaportes, os cubanos ficam impedidos de deixar o país para onde foram levados.
No Brasil, os médicos cubanos que chegavam ao país tinham os passaportes confiscados e recebiam um documento provisório.
Mesa redonda
Na quinta, 17, foi ao ar o programa Mesa Redonda na televisão cubana.
O debate, que contou com a presença do ditador Miguel Díaz-Canel, tinha como tema "Da Presidência: A verdade sobre os médicos cubanos".
Em uma de suas falas, o ministro de Saúde de Cuba, José Angel Portal Miranda (à direita, na foto), afirmou: "Há outra matriz que vem sendo discutida, que é sobre a questão dos documentos dos colaboradores. É verdade que, em certa época, os passaportes dos colaboradores estavam nas mãos dos chefes das brigadas".
Evidências
A ONG Prisoners Defenders obteve mais de 1.400 depoimentos de médicos em missões cubanas no exterior entre 2010 e 2025.
Em 40% dos relatos, os cubanos afirmaram que tiveram os passaportes retidos por um funcionário cubano após passar pela alfândega, já no país de destino.
Leia em Crusoé: A resposta da MSC sobre a denúncia de escravidão de cubanos
Carolina Barrero
Em entrevista para Crusoé, a dissidente cubana Carolina Barrero falou sobre a retenção de passaportes de cubanos.
"Quando esses médicos são levados para Brasil, México ou para a África, para qualquer lugar do mundo, seus direitos fundamentais e trabalhistas são retirados. Primeiro, o passaporte deles é retirado. Eles são custodiados. Não têm liberdade de circulação dentro desses países. Não podem interagir livremente com outras pessoas. E são induzidos a fazer propaganda política onde quer que eles vão. Então eles são usados para fazer proselitismo político dentro desses países. O salário deles é reduzido. A ditadura chega a tirar até 90% do salário. Então também se pode dizer que é uma forma de escravidão moderna", disse Carolina Barrero.
"Esses médicos recebem uma parcela mínima do salário, que quase não é suficiente para sobreviverem naquele mês ou para mandar um pouco para a família. Eles só fazem isso porque, se ficassem em Cuba trabalhando, receberiam ainda menos. A situação é que esses médicos, que estudaram e contribuíram muito para a sociedade, em Cuba são tratados em condições mínimas. Isso os obriga a serem usados como escravos para que o regime possa enriquecer", disse a dissidente.
"Essa condição de escravidão deveria ser impensável para alguém como Lula, que defende os sindicatos, os trabalhadores. Como pode Lula permitir que os trabalhadores cubanos sejam tratados dessa forma no Brasil? Isso deveria ser impensável dentro da lógica de um presidente como Lula", afirmou.
Assista à entrevista com Carolina Barrero:
Leia em Crusoé: Ingerência externa
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Comentários (1)
Marcelo Tolaine Paffetti
2025-04-19 17:41:43E desde qdo há coerência de pensamento petista? Na falta de argumentos, sobra a "escravidão do bem".