"Curitiba é um ponto fora da curva"
O procurador da Operação Zelotes diz que a corrupção no Carf continua e nota que a Justiça de Brasília contribui para a impunidade
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Com quase doze anos no Ministério Público Federal, o procurador Frederico de Carvalho Paiva dedicou os últimos três anos ao maior caso de sua carreira, a Operação Zelotes. Centrada em Brasília, a investigação começou a partir de indícios da existência de um balcão de venda de decisões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), uma espécie de tribunal que analisa recursos de pessoas físicas e jurídicas multadas pela Receita Federal. As provas foram surgindo e, com o passar do tempo, estava mapeado um megaesquema de corrupção que só não ganhou mais visibilidade porque os holofotes estavam voltados para a Lava Jato, que corria em paralelo. As levas de material apreendido nas ações de busca, somadas a centenas de mensagens interceptadas com ordem judicial, desvelaram os serviços prestados por uma intrincada rede de lobistas e advogados cujos tentáculos alcançavam até o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. Do tribunal da Receita, seguindo as marcas deixadas por esses mesmos lobistas, a Zelotes descobriria um outro balcão, o da venda de medidas provisórias, e chegaria ao ex-presidente Lula e a seu filho mais novo, Luís Cláudio Lula da Silva, acusados de atuar em favor de empresas do setor automotivo interessadas em favores dos governos do PT. Nesta entrevista a Crusoé, o procurador diz que, a despeito de tudo o que já foi descoberto, o esquema no Carf continua ativo. E expõe um problema que deixa as investigações anticorrupção baseadas em Brasília atrás dos casos tocados, por exemplo, pela Lava Jato em Curitiba: ele diz que, na capital do país, onde se repetem esquemas de desvio e de lavagem de dinheiro, a Justiça é mais lenta e acaba por favorecer réus influentes. A seguir, os principais trechos.
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Comentários (10)
Jorge
2019-03-25 19:13:06Extinga-se o CARF. Os contadores das empresas autuadas pela Receita e advogados tributaristas delas, comparecem a um setor dela, encarregado de verificar possíveis erros dos fiscais; simples assim. Dois grandes bancos do oligopólio financeiro, estão envolvidos na obtenção de descontos nos valores sonegados, de mim, cidadão comum.
Francisco
2019-03-07 16:46:55infelizmente a justiça do Brasil é cega, mas, tem bolsos enormes, ela so é intolerante com pobre
Jane
2019-03-07 15:16:41O apoio popular seria muito producente para a Operação Zelotes.
Walter
2019-03-07 11:22:16Taí uma matéria lúcida e verdadeira, ......o buraco é mais embaixo, e Curitiba é um ponto fora da curva no combate à corrupção no país. Parabéns ao MP, Justiça Federal e Polícia Federal
Alberto
2019-03-07 09:15:02Pois é, vivemos um momento impar da politica brasileira, denuncias são realizadas, apuradas e identificadas, mas em função da morosidade do poder judiciário, não vemos retorno disto tudo.
JOSÉ.
2019-03-05 10:10:14Honestidade se aprende no berço...
CARLOS CAMAL
2019-03-05 07:24:26Sou advogado, mas é cada vez mais estarrecedor tomar conhecimento da desenvoltura de causídicos em descumprirem as Leis.
MaximusRJ
2019-03-04 10:20:06Cadeia nessa gente toda! Todo esse dinheiro faz falta em hospitais e pessoam morrem. Não é justo com quem sofre num leito imundo e morre quase indigente. Cadeia. Cadeia. Nada mais que cadeia...
Ruy A
2019-03-04 07:12:43Como assim, não há nada mais corrupto do que o Carf? Você sabe como funcionam as grandes clínicas particulares de tratamento de câncer?
Fátima
2019-03-03 13:14:32Há que se apurar tudo. Sem esconder ninguém. O país merece esse regalo. Que se puna os apaniguados. Que realmente se faça justiça.