ReproduçãoJoe Biden após o debate: familiares dizem que ele estava cansado

Um limite para a idade do presidente

Fiasco de Joe Biden em debate reacende discussão sobre impedir que pessoas muito idosas concorram a cargos públicos
05.07.24

Não se fala em outra coisa nos Estados Unidos. Desde que o presidente Joe Biden não conseguiu completar algumas frases e confundiu assuntos no debate presidencial com Donald Trump na quinta, 27 de junho, o país inteiro questiona sobre a sua capacidade de governar e cogita a sua desistência na campanha. Biden está com 81 e irá encerrar seu mandato com 82. Caso consiga se reeleger, ele teria 86 ao final do segundo mandato.

Uma das questões que os americanos estão se fazendo neste momento é: deveria haver um limite para impedir que políticos se candidatem para a Casa Branca, para evitar que eles exerçam o mandato quando já não estão em condições para tanto? A resposta para eles parece ser que sim. Segundo uma pesquisa do Pew Research Center publicada no final do ano passado, 79% dos eleitores acreditam que deveria haver um limite máximo de idade para a Presidência, assim como para outros cargos eletivos federais.

Não é uma pergunta nova. O país já tem um histórico de mandatários com saúde debilitada. Na virada das décadas de 1910 e 1920, nos últimos três anos de seu mandato, o democrata Woodrow Wilson ficou parcialmente incapacitado devido a um derrame cerebral. Ele tinha 63 anos. Então, a primeira-dama, Edith Wilson, passou a filtrar os relatórios presidenciais e a delegar tarefas a funcionários do gabinete. Historiadores que analisaram documentos burocráticos da época acreditam que foi ela, e não ele, que comandou o país durante boa parte do seu segundo mandato, que acabou em março de 1921.

Também ficou conhecido o caso de Mal de Alzheimer que acometeu Ronald Reagan. O republicano tornou-se, em sua época, o presidente mais velho ao final de seu mandato, em 1989, aos 77 anos. Em 2011, um dos filhos de Reagan confirmou as suspeitas da imprensa de que seu pai já apresentava sintomas nos últimos anos da Presidência. O anúncio oficial da doença veio apenas meia década após o republicano deixar o poder.

A questão, contudo, não é a idade avançada, mas a capacidade de raciocínio e a memória do presidente em exercício. “Deve alguém que não consegue completar uma frase sobre o Medicare (no debate) ser confiável com os códigos nucleares“, questionou a revista britânica The Economist em sua última edição. A mera suspeita sobre sua capacidade cognitiva, aliás, já tem consequências e pode gerar problemas, caso outros líderes mundiais e grupos terroristas entendam que a maior potência militar do planeta não está em condições de reagir a ameaças.

Funcionários do governo, familiares de Biden e políticos democratas deram uma longa lista de desculpas para justificar as falhas mentais de Biden no debate presidencial. A Casa Branca nega que ele sofra de qualquer doença neurodegenerativa, mas não divulga nenhum teste cognitivo do presidente. Familiares do presidente afirmaram que ele estava cansado, após várias viagens pelo mundo. Biden também estava com a voz rouca no debate, porque estava resfriado naquele dia. Ele ainda por cima é gago, o que gera uma dificuldade maior que o normal para construir uma frase. “Biden foi bem ativo durante seu governo, mas ele se enrola em suas palavras por causa das gaguejadas. Assim, a imagem de Biden como um homem mais velho fica presente”, diz a cientista política Lilly Goren, da Universidade Carroll, em Wisconsin.

O Congresso americano não deve impor um limite máximo de idade para candidatos à Presidência em um futuro próximo. Em primeiro lugar, porque isso demandaria uma emenda constitucional, e não há apoio político suficiente para tal. Além disso, há o risco de que uma proposta do tipo seja vista como preconceituosa em relação aos idosos, grupo que representa uma parcela crescente da população americana e que tem se mantido ativo em vários setores. “Os mais velhos são a faixa demográfica que mais cresce nos Estados Unidos”, diz Goren. A faixa de mais de 65 anos cresceu 9,4% entre 2020 e 2023, segundo o Censo americano, e beira os 60 milhões de uma população de 300 milhões. Em comparação, a faixa de zero a 14 anos caiu em 3,3% no mesmo período.

Sem uma solução institucional, será preciso que os próprios candidatos, seus partidários e seus eleitores avaliem a capacidade cognitiva dos seus escolhidos e tomem as decisões necessários. O desafio que se apresenta este ano para os democratas não é pequeno: eles precisam convencer um presidente teimoso e com aparentes problemas na capacidade cognitiva de que ele não está em condições para um segundo mandato.

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  1. Sem duvida que, quanto maior a responsabilidade, maior deve ser o cuidado com as capacidades do incumbente. Por isso há limites por exemplo para pilotagem de aviões comerciais. O Partido Democrata demonstra mais uma vez uma incapacidade crônica de tomar decisões. E não agora, já que a questão está posta há tempos. Como se propõem dessa forma a comandar a maior nação de um planeta em crise? Terão que engolir um traste como Trump por mais 4 anos (isso se o mundo não acabar antes).

  2. Assim como se limita idade para assumir determinados cargos (não menos que 18, 26, 35, etc) então tem que ter para cima também. E no Brasil é imprescindível, estamos cansado dessa velharia que nem sabe mais o que está fazendo ali. Já que não sabem, fazem besteira.

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