Contra a corrupção, basta seguir a lei
O magistrado italiano Piercamillo Davigo, um dos principais investigadores da Operação Mãos Limpas, explica como os políticos conseguiram virar o jogo, enfraquecer as leis e tornar muito mais difíceis as punições em casos de corrupção. A experiência serve de alerta para a Lava Jato, alvo de movimentos similares quase cinco anos desde a deflagração de sua primeira etapa
Este conteúdo é exclusivo para assinantes
Faça parte de O Antagonista + Crusoé e tenha acesso ilimitado com:
ACESSO ILIMITADO AOS CONTEÚDOS do site O Antagonista e das matérias semanais da Revista Crusoé
Acesso à área de COMENTÁRIOS nos sites
Converse com o nosso time de jornalismo na live HORA EXTRA (exclusiva para assinantes)
Acesso ao acervo de MATÉRIAS ESPECIAIS DE JORNALISMO da Revista Crusoé
Participação no grupo de disparo de notícias de O Antagonista + Crusoé no WhatsApp
Descontos de até 70%
Notícias mais importantes do Brasil e do mundo
Reportagens exclusivas, bastidores do poder e análise crítica de quem fiscaliza o poder
Os políticos investigados contra-atacaram e, bingo, conseguiram destruir a maior operação de combate à corrupção da história do país. O que poderia soar como um obituário da Operação Lava Jato, no Brasil, é na verdade o resumo do que experimentou a Itália com a célebre Operação Mãos Limpas. O caso italiano, cujo desfecho costuma ser repetido em prosa e verso como um sinal de alerta para seu congênere brasileiro, deixou marcas profundas no sistema penal italiano. Mais de 20 anos depois da megaoperação que expôs as vísceras das conexões entre a política e a máfia, Piercamillo Davigo, um dos principais investigadores da Mãos Limpas, diz nesta entrevista a Crusoé que a herança que restou é das piores possíveis: a corrupção voltou ainda mais forte, as leis se enfraqueceram e, hoje, é muito mais difícil apanhar os corruptos. Atualmente as delações premiadas, por exemplo, não valem na Itália para casos que envolvam desvio de dinheiro público. Alçado ao cargo de magistrado da Corte de Cassação, como é chamado o supremo tribunal italiano, Davigo lamenta que a operação não tenha conseguido punir a contento os políticos pegos em plena ação criminosa. E traça um cenário muito parecido com aquele que a Lava Jato, do lado de cá do Atlântico, experimenta quase cinco anos depois de sua deflagração. Lá, como cá, os investigadores foram acusados de agir politicamente e de serem golpistas a serviço dos Estados Unidos. Também foram ameaçados. Aos 67 anos, Davigo se mostra otimista, apesar dos percalços que vieram. Ele diz que, sim, é possível vencer a corrupção e que, para isso, basta seguir as regras. E aponta, como atalho, um direito básico existente nas democracias: "Se os cidadãos punirem com o voto os corruptos e seus aliados, é mais fácil". A seguir, os principais trechos da entrevista.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (10)
Leonardo
2018-07-31 15:01:44Não entrarei no mérito de que foi constitucional ou não, mas a ação de Moro em tornarem públicas as conversas entre a impedida de governar e o recluso, se não fossem os meios eletrônicos, não surtiria efeito algum. Senhores, os depoimentos e delações estão disponível, para qualquer cidadão ver, no YouTube e em outras plataformas virtuais. Não há justificativa, nos dias de hoje, de ser alheio ou alienado quanto as manobras desses inconsequentes, que dizem ser representantes do povo. REPUGNANTE!
RICARDO
2018-07-25 21:04:35A diferença é que hoje há internet assim não ficamos dependentes apenas dos meios de comunicação controlados pelos políticos tais como a globo. Porém ainda a ameaça é censura são grandes
Vera
2018-07-23 15:34:49É imperativo não reeleger nenhum político.
Marza
2018-07-23 14:45:03Pelo nível da Crusoé esperava perguntas melhores. Até porque a natureza das operações mãos limpas e lava jato se diferenciam (mafia e corruptos). Quem leu a entrevista com o Juiz Sergio Moro consegue ter mais subsidio sobre tudo isso. Faltou explorar mais as regras que ele menciona, se são as dele que na época não tinha na Italia ou se as nossa irão servir para nos livramos aos poucos da corrupção.
+um
2018-07-23 11:25:28Por esta entrevista, achou que nossos corruptos se livraram em breve e tudo ficara como eles gostam, sem presídios e disfrutando de uma boa vida, enquanto nos, continuaremos ralando para que eles disfrutem.
Gustavo
2018-07-23 09:58:07Acho que temos algumas vantagens em relação à Itália. Agora temos as internet e seus múltiplos canais de informação, redes sociais etc que, se não são perfeitas, ao menos não são controladas por poucos. O que temos é de usar esses mecanismos e pressionar, deixar clara a indignação e também votar de forma a não reeleger corruptos conhecidos. Em suma, o brasileiro tem de participar mais da política sob pena de entregar o país aos chacais. Sugiro a todos que façamos isso nestas eleições de 2018!!
Paulo J
2018-07-22 11:22:23Tínhamos q lutar e apoiar governantes q tenham propostas de deixar as leis mais duras contra a corrupção. Qualquer comentário contra a Lava jato tinha q ser critério de eliminação
Júlio
2018-07-21 16:43:44À semelhança dos métodos de dissuasão dos corruptos ,não é mera coincidência, são todos iguais em todos os países!! É a mesma tentativa de distorcer a realidade .
Chico
2018-07-21 16:38:31Mudancas se fazem necessarias no Brasil atual. Quem reclama do que esta apodrecendo o Brasil, aceitar o que esta, ou mudar? Quem tera a coragem de mudar, se eleito? Em quem devemos votar? Pelas coligacoes vistas na pre-campanha somente um candidato se alinha a um novo Brasil. Em quem voce ira votar?
Emerson
2018-07-21 13:25:15Sim, as leis. Segui-las. Certamente as mesmas que, não só permitiram, como até possibilitaram e estimularam os crimes... Casuismo ou ingenuidade?