Uruguai: fuga de traficante na Arábia derruba dois ministros de Lacalle Pou
O governo do presidente Luis Lacalle Pou, no Uruguai, enfrenta a sua pior crise política. Dois ministros e mais outros funcionários do alto escalão renunciaram num escândalo envolvendo a fuga de um traficante uruguaio no outro lado do mundo. A crise remonta à emissão de um passaporte uruguaio em nome de Sebastian Marset, um traficante...
O governo do presidente Luis Lacalle Pou, no Uruguai, enfrenta a sua pior crise política. Dois ministros e mais outros funcionários do alto escalão renunciaram num escândalo envolvendo a fuga de um traficante uruguaio no outro lado do mundo.
A crise remonta à emissão de um passaporte uruguaio em nome de Sebastian Marset, um traficante de 32 anos e natural de Montevidéu.
Ele é procurado pela Interpol como suposto líder de uma rede de tráfico de drogas no Paraguai com operações no Uruguai e na Bolívia. Marset também é vinculado ao assassinato de um promotor paraguaio na Colômbia em 2022.
Com documentação falsa para acobertar suas atividades ilícitas, o uruguaio chegou a jogar futebol profissional no Paraguai e na Bolívia.
Hoje foragido, Marset esteve detido em 2021 nos Emirados Árabes Unidos ao tentar entrar no país com um passaporte paraguaio falso.
Foi nesse período em que ele recebeu o passaporte uruguaio com a ajuda do ministérios das Relações Exteriores e do Interior. A emissão do passaporte foi noticiada e motivo de controvérsia na época.
Todavia, nesta semana, a imprensa uruguaia revelou que o caso foi ainda mais obscuro, com a divulgação de uma conversa entre o então ministro das Relações Exteriores, Francisco Bustillo, e a número dois da pasta, Carolina Ache.
Na chamada telefônica, datada de novembro de 2022, Bustillo sugere a Ache que ela "perca" o próprio celular em vez de entregá-lo à Justiça no âmbito das investigações sobre a emissão do passaporte ao traficante.
Ache entregou os registros dessa conversa às autoridades uruguaias.
Ela também apresentou evidências de envolvimento do ministro do Interior, Luis Alberto Heber, e do assessor de comunicação da Presidência, Roberto Lafluf, em tentativa de acobertar diálogos semelhantes sobre o tema.
Desde quarta-feira passada, 1º de novembro, renunciaram Bustillo, Heber e Lafluf. Também caiu o vice-ministro de Interior, Guillermo Maciel.
Um dia antes de sua renúncia, Heber afirmou que a emissão do passaporte não havia influenciado a decisão da Justiça emiradense sobre a soltura do traficante uruguaio.
Entretanto, como noticiara a imprensa uruguaia, a defesa do traficante usou uma carta da embaixada do Uruguai nos Emirados Árabes em seu pedido de soltura em 2021. Nesse documento, a embaixada se certificava da emissão de um passaporte uruguaio para o detido apenas após a sua soltura.
O presidente uruguaio mal se pronunciou sobre o escândalo até a manhã desta segunda-feira, 6 de novembro.
Ele estava nos Estados Unidos quando o escândalo eclodiu. Lacalle Pou retornou ao Uruguai no sábado, 4, e apenas anunciou que aceitava as renúncias de Heber, Lafluf e Maciel. O ministro das Relações Exteriores já havia caído na quarta.
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Comentários (3)
Adriano
2023-11-06 20:28:24Se fosse aqui o traficante iria para a Secretaria Nacional Antidrogas....
AEC
2023-11-06 15:15:25Se fosse aqui, ficaria tudo por isso mesmo!
Luís Rutman
2023-11-06 11:40:02Transparência é ação, muito parecido com de alguns governos que conhecemos !!!