Um conselho de Meirelles a Galípolo
Presidente do Banco Central nos primeiros governos de Lula diz que indicado pelo petista ao BC "terá de fazer o melhor para o país, que é o controle da inflação"
Presidente do Banco Central nos dois primeiros governos de Lula, Henrique Meirelles (foto) deu um discreto conselho público a Gabriel Galípolo, que assume o BC sob indicação do petista em 2025.
Ministro da Fazenda durante o governo Michel Temer, Meirelles dedicou seu artigo periódico no Estadão ao debate sobre os receios acerca do aumento da dívida pública no governo Lula.
Em "O BC acima do debate político", o ex-presidente do BC diz que "houve uma piora nas expectativas, que tornará o início do mandato de Gabriel Galípolo mais difícil do que parecia de início".
Independência?
"Como todo novo presidente do Banco Central, ele terá de demonstrar independência em relação ao governo que o indicou, sob risco de não exercer autoridade sobre o mercado", comentou Meirelles.
O trabalho de Galípolo será um pouco mais difícil porque Lula passou os dois primeiros anos de mandato reclamando de Roberto Campos Neto, que foi indicado por Jair Bolsonaro.
Daí, depreende-se que o petista tenha indicado alguém que não iria contrariar suas vontades em relação à flutuação da taxa básica de juros, o que torna a missão de Galípolo de demonstrar independência mais complicada.
"O melhor para o país"
"Quando assumi o BC, em 2003, enfrentei os que pensavam que uma diretoria nomeada por um governo do PT não seria firme no controle da inflação. Por outro lado, integrantes do governo queriam um BC cordato", lembrou Meirelles, completando com o conselho para Galípolo:
"Fiz o que era necessário para trazer a inflação para a meta, que é o melhor para o Brasil. Galípolo assumirá num momento em que o governo critica a ação do BC e terá de fazer o melhor para o País, que é o controle da inflação."
Dívida pública
Meirelles destacou também que "políticos acusam o mercado de jogar contra, pois o dólar ficou perto dos R$ 6 e os juros futuros subiram", para dizer que "o olhar do mercado está na dívida pública, que está em 78% do PIB e em trajetória de crescimento devido ao ritmo das despesas".
O ex-presidente do Banco Central finaliza dizendo que "cabe ao Banco Central controlar a inflação baseado em dados técnicos" e que "uma inflação controlada leva a uma melhora nos juros de mercado e ajuda a estabilizar a cotação do dólar".
É uma mensagem bem distinta da crença dos economistas petistas, como deixou claro o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega em entrevista publicada na semana passada.
Para o pai da trágica Nova Matriz Econômica, Galípolo “tem que entender bem como funciona a economia e não só ficar circunscrito às questões monetárias”.
Se fosse assumir o Banco Central daqui a três semanas, você aceitaria um conselho de Meirelles ou de Mantega?
Leia mais: Lula vai quebrar as pernas do Banco Central?
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Comentários (1)
MARCOS
2024-12-09 21:01:01DOS VAI SER MUITO DIFÍCIL O LULA NÃO QUEBRAR O BRASIL DESTA VEZ. VAI MORDER AGORA MAS O VENENO INOCULADO POR ESSA MORDIDA SÓ VAI SE MANIFESTAR NOS PRÓXIMOS GOVERNOS. COITADOSMEUS FILHOS E NETOS.