Trump vai tirar os EUA da OEA?
A possibilidade foi explicitada pelo sub-secretário de Estado americano, Christopher Landau, em discurso na Assembleia-Geral da organização

Com pouca influência na agenda geopolítica da Organização dos Estados Americanos, o governo Trump avalia retirar os Estados Unidos da OEA.
A possibilidade foi explicitada pelo sub-secretário de Estado americano, Christopher Landau, em discurso na Assembleia-Geral da organização na quinta-feira, 26.
"Como vocês devem saber, o presidente Trump emitiu um decreto do Executivo nos primeiros dias deste governo instruindo o secretário de Estado a analisar, dentro de seis meses, todas as organizações internacionais das quais os Estados Unidos são membros, com o intuito de determinar se tal filiação é do interesse dos Estados Unidos e se tais organizações podem ser reformuladas. Após a conclusão dessa revisão, o secretário deve relatar suas conclusões ao presidente e recomendar se os EUA devem se retirar de qualquer organização desse tipo. Essa revisão continua em andamento, e a OEA é obviamente uma das organizações que estamos revisando. Para ser bem franco, e sou uma pessoa muito franca, não tenho certeza se consigo prever qual será o resultado dessa revisão. Isso é certamente algo que estou aberto a discutir nesta reunião, para que ninguém diga que foi pego de surpresa."
Landau citou como exemplos os casos de Venezuela e Haiti, sobre os quais argumenta que a organização foi incapaz de reagir.
" No ano passado, o mundo inteiro testemunhou uma eleição descaradamente roubada na Venezuela. A oposição não apenas venceu de forma esmagadora, mas tinha as evidências para provar isso — as 'atas'. O regime nem sequer se deu ao trabalho de contestar seriamente a validade das 'atas' ou da fraude eleitoral. Em resposta a essa fraude eleitoral descarada, o que esta Organização fez? Até onde podemos dizer, nada de substancial [...] Se esta Organização não estiver disposta ou for incapaz de reagir a essa situação ou remediá-la, em que um regime abertamente despreza as normas internacionais e ameaça a integridade territorial de seu vizinho, então devemos nos perguntar qual é o objetivo da Organização.
Igualmente desanimadora é a crise em curso no Haiti. Gangues armadas controlam as ruas e os portos da capital, e a ordem pública praticamente entrou em colapso. Enquanto o Haiti cai no caos, a crise humanitária, de segurança e de governança que se desenrola reverbera por toda a região. E, mais uma vez, o que esta Organização tem feito? No momento, um mínimo básico de segurança é fornecido por uma força multilateral liderada pelo Quênia e abençoada pela ONU. Os Estados Unidos já destinaram quase um bilhão de dólares a essa força. Elogiamos o envio de efetivo da força de segurança e outras contribuições de algumas das nações representadas nesta sala que tornaram a missão possível, mas os Estados Unidos não podem continuar arcando com esse pesado ônus financeiro. É por isso que os Estados Unidos aceitam um papel da OEA na resposta à crise política no Haiti. Mais uma vez, se a OEA não estiver disposta ou for incapaz de desempenhar um papel construtivo no Haiti, então devemos nos perguntar seriamente por que a OEA existe."
Enquanto a Casa Branca é responsável por 50% do orçamento da OEA, são os governos de esquerda, liderados pelo Brasil de Lula, que estabelecem os parâmetros ideológicos da organização.
Segundo o Infobae, circula nos principais escritórios do fórum regional em Washington uma planilha do Departamento de Estado americano com as contribuições planejadas do governo Trump para a OEA em 2026.
A contribuição, diz o portal, é zero.
"A coluna da folha de pagamento atribuída à OEA em 2026 está em branco", afirmou.
"Estou aqui para estender a mão da amizade a esta Organização e a todos que a aceitarem. Mas a amizade é uma via de mão dupla. O secretário [Marco] Rubio e eu temos de poder dizer a nosso presidente e a nosso povo que nosso investimento substancial nesta Organização beneficia nosso país. Não tenho certeza se estamos em posição de fazer isso agora, e estou lhe pedindo de boa-fé que me ajudem a defender esse argumento", concluiu Christopher Landau na OEA.
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