Trump já merece o Nobel da Paz?
Para o mundo como um todo, nada melhor que um presidente americano louco para ganhar essa honraria

O prêmio Nobel da Paz de 2026 será anunciado pelo comitê norueguês nesta sexta, 10.
Ao longo de toda a semana, nenhum outro nome estará mais associado à paz que o do presidente americano Donald Trump.
O presidente enviou o genro Jared Kushner e o assessor Steve Witkoff para cidade de Sharm el Sheikh, no Egito, para negociar com representantes de Israel e do grupo terrorista palestino Hamas.
Se der certo, Trump não apenas acabará com a guerra na Faixa de Gaza, que completará dois anos esta semana, como pode eliminar o grupo terrorista e ainda pavimentar o caminho para um Estado palestino.
Seriam razões mais do que suficientes para ganhar um Nobel de Paz.
Mais que um cessar-fogo
Trump ousou ao propor mais que um cessar-fogo. O que ele elaborou foi um plano de paz, com 20 tópicos.
"A diferença é essencial. Plano de paz significa um acordo que venha a impossibilitar uma violação posterior, o emprego das armas para a resolução de conflitos. Isso quer dizer as partes beligerantes devem se reconhecer entre si, abrindo caminho para que as causas dos conflitos sejam extintas", escreveu o professor de filosofia Denis Lerrer Rosenfield no Estadão desta segunda, 6.
A proposta da Casa Branca reserva um papel para a Autoridade Palestina (AP), mas pede uma reforma da organização.
Também exige a libertação dos reféns israelenses e a entrega das armas dos terroristas.
Em troca, Israel se comprometeria a retirar gradualmente suas tropas de Gaza.
Proposta realista
O plano ganhou apoio do Catar e da Turquia, que apoiam o Hamas.
O papa Leão XIV, que é americano, disse se tratar de uma "proposta realista".
“Há elementos muito interessantes. Esperamos que o Hamas aceite dentro do prazo estabelecido”, afirmou o pontífice.
Também aprovaram o plano a China, a Rússia, a Índia, a Autoridade Palestina e vários países árabes.
O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou que o Brasil poderia aplaudir o plano de paz de Trump, embora o Itamaraty não tenha publicado notas oficiais com esse teor.
“Sem dúvida nenhuma vamos aplaudi-lo publicamente, possivelmente ainda no dia de hoje, porque o objetivo do plano é justamente o que sempre defendemos desde o início do conflito. A libertação dos reféns, cessar-fogo e reconstrução de Gaza está dentro das nossas linhas políticas”, disse o ministro Mauro Vieira na Câmara dos Deputados.
Ressalvas
Claro, é cedo ainda para qualquer comemoração.
O Hamas disse estar disposto a libertar os reféns, mas não garantiu que entregará suas armas — o que poderia implicar no fim do grupo terrorista.
Os terroristas aceitaram um futuro governo da AP na Faixa de Gaza, mas querem participar da "estrutura nacional palestina".
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ainda precisa enfrentar os ministros que integram a sua coalizão e poderiam derrubar seu governo.
Mas o Nobel nem sempre foi dado para pessoas que costuraram a paz.
Em alguns momentos, o Nobel da Paz foi dado como um incentivo para encorajar seus agraciados a buscarem a paz.
Foi o caso do presidente americano Barack Obama, em 2009.
Por que não deve acontecer
Mas o fato é que, embora quatro presidentes e ex-presidentes americanos já tenham ganhado o Nobel da Paz (Theodore Roosevelt, Woodrow Wilson, Jimmy Carter e Barack Obama), há um viés esquerdista que reduz as chances de Trump, um republicano com pautas que desagradam profundamente seus críticos.
O comitê norueguês também tradicionalmente demonstra preocupação pela segurança da Europa, e Trump tem dado pouca importância para a Organização do Tratado do Atântico Norte (Otan), criada para conter a União Soviética, hoje Rússia.
Seu apoio à Ucrânia é vacilante, e os encontros com o ditador Vladimir Putin despertam suspeitas entre os noruegueses.
No mais, o plano de paz de Trump só surgiu na última semana, e as discussões sobre quem merece o Nobel começaram no início do ano.
Trump, portanto, tem poucas chances.
Mas, para o mundo como um todo, nada melhor que um presidente americano louco para ganhar essa honraria.
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