Trump elogia ditador saudita por "direitos humanos"
Mohmammed Bin Salman foi apontado como mentor da execução de jornalista; Arábia Saudita usa esporte para limpar imagem
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou o ditador saudita, o príncipe-herdeiro e primeiro-ministro Mohammed bin Salman Al Saud, por sua atuação "em termos de direitos humanos".
A declaração foi dada durante uma visita de Bin Salman à Casa Branca, em Washington, nesta terça, 18.
"Estou muito orgulhoso do trabalho que ele fez. O que ele fez é incrível em termos de direitos humanos e tudo o mais. Ele é o grande príncipe, o futuro rei. Eu tenho um grande respeito pelo seu pai, o rei, que é um homem incrível", disse Trump.
Bin Salman foi recebido com honras militares, tiros de canhão, sobrevoo de caças e um jantar de gala.
O príncipe herdeiro prometeu investir US$ 1 trilhão nos Estados Unidos.
Jamal Khashoggi
A fala sobre Trump "direitos humanos" causa estranhamento.
Foi justamente Bin Salman quem, em 2018, ordenou o esquartejamento do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul, na Turquia.
Seu corpo foi desmembrado e os seus restos mortais, jamais encontrados.
Em 2021, um relatório divulgado pelo Departamento Nacional de Inteligência dos EUA confirmou que Mohammed bin Salman aprovou a execução do crime e que a operação contou com sete membros de sua guarda pessoal.
Sportswashing
Desde então, a Arábia Saudita tem investido pesado em esporte e entretenimento para melhorar sua imagem internacional.
O termo é conhecido como "sportswashing".
Na liga profissional de futebol, clubes sauditas passaram a contratar grandes nomes mundiais: Cristiano Ronaldo, Sadio Mané, Roberto Firmino, João Félix e tantos outros recebem fortunas.
O país também tem sediado eventos de grande porte: Fórmula 1, superlutas de boxe, megashows e competições globais.
Para completar, a Arábia Saudita foi confirmada como seda da Copa do Mundo de 2034.
Vision 2030
Bin Salman tem aberto o país de olho na redução da dependência do petróleo até 2030.
O governo saudita flexibilizou uma série de costumes, algo impensável no passado para um dos países mais rígidos do mundo islâmico.
Em 2018, as mulheres foram autorizadas a dirigir.
Hoje, podem viajar ao exterior sem a autorização do tutor.
Além disso, podem registrar divórcio e nascimento de filhos.
A polícia religiosa, a "mutawa", parou de patrulhar as roupas e comportamentos dos sauditas.
Liberdade?
Apesar dessas mudanças, o país mantém forte controle sobre a imprensa, persegue opositores e prende críticos do regime.
Por isso, é difícil sustentar o elogio de Trump a Bin Salman “em termos de direitos humanos”.
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