"Tropas norte-coreanas na Europa marcam ponto de virada"
O chefe da Otan questiona: “Estamos à beira de algo muito mais sombrio do que a devastação que já foi imposta ao povo da Ucrânia?"
Em artigo publicado em 6 de novembro, no site especializado POLITICO, o secretário geral da Otan, Mark Rutte, escreveu que as tropas norte-coreanas na Europa marcam ponto de virada.
Conforme já noticiado, milhares de tropas norte-coreanas foram enviadas para a região de Kursk, na Rússia, com a intenção de participar da guerra de agressão contra a Ucrânia. Segundo Rutte, trata-se de algo certamente histórico, mas “por todos os motivos errados”.
Algo mais sombrio?
O chefe da Otan lembra que é a primeira vez, em um século, que a Rússia convida tropas estrangeiras para o país e que isso deveria “fazer parar para pensar”. E questiona:“Estamos à beira de algo muito mais sombrio do que a devastação que já foi imposta ao povo da Ucrânia?
Mark Rutte argumenta que os inúmeros fracassos de Vladimir Putin desde o início da guerra tornou a Rússia mais dependente de seus amigos autoritários na Ásia: China, Irã e Coreia do Norte e complementa:
“Embora a guerra da Rússia contra a Ucrânia tenha criado enormes dependências, a arrogância de Putin continua a moldar sua tomada de decisão. Ele depende da China para sustentar a economia da Rússia e acessar tecnologias de uso duplo para sustentar seu esforço de guerra. Ele depende do Irã para os drones e mísseis mortais que assassinaram e mutilaram tantos ucranianos. E ele depende da Coreia do Norte para milhões de cartuchos de munição, mísseis balísticos e agora tropas.”
Segundo Rutte, Putin dá sinais de desespero crescente:
“Em todas as frentes, Putin está falhando em atingir seus objetivos estratégicos por meio desta guerra de agressão ilegal e mal avaliada. Enquanto buscamos um fim justo e duradouro para o conflito, ele apenas o prolonga e expande.
Isso tem um custo incrível. A Rússia sofre cerca de 1.200 baixas por dia — mais de 600.000 desde fevereiro de 2022. E incapaz de enfrentar os custos políticos do recrutamento em massa, Putin agora optou por recrutar soldados da Coreia do Norte também.
Essa expansão perigosa do conflito intensifica a guerra e demonstra que nossa segurança não é regional, é global.
Putin certamente não está recebendo esse apoio de graça. O presidente russo está apoiando o regime sem dinheiro de Kim Jong Un em troca, fornecendo a Pyongyang tecnologia militar que seu ditador usará para ameaçar os vizinhos, aumentando a instabilidade da Península Coreana.
Na semana passada, o país conduziu seu teste de míssil balístico intercontinental de maior alcance — o primeiro em um ano — em mais uma violação de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
Esses laços militares e econômicos cada vez mais profundos entre uma Rússia imprudente e uma Coreia do Norte encorajada não ameaçam apenas a segurança Euro-Atlântica e Indo-Pacífica, eles são profundamente perigosos para a segurança global.”
Após referir-se à responsabilidade da China, que, segundo ele, deveria usar sua influência em Pyongyang e Moscou para garantir que eles cessem essas ações, Rutte ressalta o apoio constante da Otan à Ucrânia, exorta à manutenção desse compromisso a longo prazo e a fazer mais:
“Até agora, nosso apoio manteve a Ucrânia na luta. Mas precisamos fazer muito mais para mudar a trajetória do conflito. Precisamos aumentar o custo para Putin e seus amigos autoritários facilitadores. […] Apoiar a Ucrânia custa uma fração de nossos orçamentos militares anuais. Esse é um pequeno preço a pagar pela paz. A questão é: podemos nos dar ao luxo de não fazer isso?”
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