Tráfico de meninas ou de drogas: o que Evo Morales mais teme
O ex-presidente está protegido na região do Chapare, que produz cocaína e boa parte da pasta de coca consumida nas ruas do Brasil
O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales (foto), foi acusado pelos crimes de tráfico de pessoas e estupro na segunda, 16, pela promotoria do departamento de Tarija.
Acredita-se que ele manteve relações com uma adolescente de 15 anos entre 2014 e 2016, com quem teria tido um filho. Nessa época, Morales era presidente do país.
Morales também já foi acusado na Argentina, em novembro, por tráfico de pessoas e abuso sexual.
Ele teria convivido com quatro adolescentes menores no período em que teve asilo político na Argentina, entre 2019 e 2020, no governo de Cristina Kirchner.
As adolescentes foram levadas da Bolívia para realizar trabalhos domésticos na casa em que ele vivia.
Mas o que Morales mais teme não é acusação por pedofilia, e sim uma possível extradição aos Estados Unidos por narcotráfico.
Guarda juvenil
De acordo com a promotoria de Tarija, o presidente teria montado uma "guarda juvenil" com meninas de entre 14 e 15 anos, que seriam conhecidas como "Geração Evo".
Os pais da jovem a teriam inscrito nessa "guarda juvenil" com o "único propósito de poder ascender politicamente e obter benefícios para ‘lucrar’, ou seja, conseguir o que queriam em troca da filha mais nova”, diz a promotoria. “Enquanto lucravam com o menor, os senhores E.V.M. e I.P.S. (iniciais para o pai e para a mãe) obtinham todo tipo de benefícios, viagens (e até) cargos públicos.”
Morales teria dado ordem para que a mãe da menina se tornasse candidata na Assembleia Legislativa do Departamento de Tarija pelo Movimento ao Socialismo (MAS), partido criado por ele.
A ideia foi recusada porque a mãe tinha antecedentes penais. A mãe, então, foi escolhida para a diretoria de uma unidade de um governo regional.
Entre as evidências coletadas pela promotoria está a certidão de nascimento da criança, filha de Morales com a menor.
Tráfico de drogas
As chances de Morales ter de prestar depoimento em Tarija são baixas.
Ele está protegido por seguidores armados na região cocalera do Chapare, fonte da cocaína e da pasta de coca consumida nas ruas do Brasil.
"Evo não tem medo da Justiça boliviana. Seus apoiadores impedem a entrada da polícia no Chapare, território em que a soberania boliviana não prevalece. O que Evo teme é ser extraditado para os Estados Unidos, como acaba de acontecer com o seu ex-czar antidrogas Maximiliano Dávila", diz o jornalista boliviano e pesquisador sobre segurança Humberto Vacaflor.
Chefe antidrogas foi preso
Maximiliano Dávila foi extraditado no dia 12 de dezembro para os Estados Unidos, onde enfrentará acusações de envolvimento com o narcotráfico. Ele ocupava o cargo de chefe antidrogas do governo de Morales.
A autorização para a extradição foi dada pelo Tribunal Supremo de Justiça. Ele estava preso desde 2022.
"Dávila poderá revelar a participação de Evo na criação do Cartel dos Sóis que atua na Venezuela e recebe drogas da Bolívia, Peru, Equador e Colômbia", diz Vacaflor.
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