Todos os agrados de Jorge Messias a Lula
Advogado-geral da União monitora as redes para punir críticos do presidente, defende Janja e até já botou boné com propaganda patriótica

O presidente Lula afirmou nesta segunda, 13, que pensará no nome que será indicado para a vaga de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF) quando voltar ao Brasil.
“Quero uma pessoa, não sei se mulher ou homem, não sei se preto ou branco, mas quero uma pessoa que seja, antes de tudo, gabaritada para ser ministro da Suprema Corte”, disse.
“Não quero um amigo, quero um ministro da Suprema Corte que terá como função específica cumprir a Constituição brasileira. É essa a qualidade que eu quero. É a única que eu quero. Foi assim com todos os ministros que indiquei até agora e vai continuar sendo assim. Quando chegar ao Brasil, vou conversar com muita gente do meu governo, vou tomar uma decisão e vou anunciar.”
Tem que ser muito ingênuo para achar que Lula ainda não tem o seu preferido para a vaga de Barroso.
A experiência de Lula — de ser condenado na Lava Jato e depois ter sido solto por uma decisão do STF sobre prisão em segunda instância — faz com que ele saiba muito bem a importância de ter amigos na Corte.
E os critérios que Lula utilizará para escolher o novo membro do STF são os mesmos que ele aplicou na escolha de seu advogado Cristiano Zanin e de Flávio Dino.
Para o petista, o importante é a lealdade.
Lealdade, aliás, é mais importante que amizade.
O amigo é o que diz as verdades na cara e pode dizer não às vezes.
O "companheiro" leal é aquele que obedece as ordens e jamais as contradiz. Aliás, faz até mais do que foi ordenado.
Entre as possíveis escolhas de Lula, o advogado-geral da União Jorge Messias (foto) é o que melhor se encaixa nesse critério.
Quando Lula estava prestes a ser preso na Lava Jato, Messias levou o termo de posse da Casa Civil para a casa do petista, por ordem da presidente Dilma Rousseff.
Ao assumir a Advocacia-Geral da União (AGU), em 2023, Messias transformou a instituição que deveria cuidar da defesa da Presidência em um órgão de acusação contra rivais do presidente.
Foi Messias quem comandou dentro da AGU um "Ministério da Verdade", a Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), para monitorar e acusar qualquer um que diga coisas incômodas ao governo.
Mais do que isso, Messias transformou a AGU em escritório de advocacia pessoal da primeira-dama Janja, quando publicações na internet diziam que ela teria levado 200 malas em viagem para a Rússia.
Ness época, a AGU enviou notificações extrajudiciais para empresas de redes sociais, o que não condiz com seu papel constitucional.
Messias também tem comparecido aos palanques eleitorais de Lula, onde costuma sentar no palco.
Na patética reunião ministerial em que todos os ministros foram obrigados a vestir um boné com a frase "O Brasil é dos brasileiros", Messias se comportou como se fosse um dos ministros e fez sinal de positivo para a câmera.
Para completar, como tem apenas 45 anos, Messias poderia ficar três décadas no STF.
A decisão de Lula deve ser anunciada ainda esta semana. E provavelmente já foi tomada.
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