Romênia anula eleição presidencial alegando interferência russa
Corte constitucional determina nova votação após ataques digitais coordenados por Moscou; candidato nacionalista, Călin Georgescu ganhou primeiro turno
A Corte Constitucional da Romênia anulou o primeiro turno das eleições presidenciais realizado no mês passado, citando provas de interferência russa.
Documentos revelados pelo Conselho de Segurança Nacional indicaram ataques cibernéticos que favoreceram o candidato vencedor, Călin Georgescu (foto), que enfrentaria Elena Lasconi, candidata pró-União Europeia, no segundo turno no domingo, 8.
Com isso, o governo deve anunciar uma nova data para a definição do pleito, que será integralmente refeito.
TikTok
Com forte discurso nacionalista e amplamente promovido nas redes sociais, Georgescu surpreendeu ao conquistar a liderança sem o apoio de um partido e com uma campanha declarada como "sem custos".
Sua estratégia, concentrada no TikTok, destacou vídeos dele em lagos gelados e trajes tradicionais, mobilizando especialmente o público jovem.
A decisão de anular as eleições é inédita na história recente da Romênia e gerou preocupação entre aliados ocidentais.
A União Europeia já havia alertado sobre o uso de redes sociais para influenciar resultados eleitorais, enquanto investiga o papel do TikTok no caso romeno.
Rússia e Ucrânia
Georgescu disse em entrevista publicada na quarta-feira, 4, pela agência Reuters que, caso eleito, planeja interromper as exportações de grãos ucranianos pela Romênia e proibir ajuda militar a Kiev.
Ele também não demonstrou muito apreço pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), alinhado com a cartilha russa.
"Como eu poderia concordar com isso [financiamento para ajudar a Ucrânia]? É impossível. A Romênia e o povo romeno vêm em primeiro lugar. É inimaginável que haja uma guerra ao nosso lado no meio da Europa, então uma prioridade definitivamente será que essa guerra na Ucrânia seja imediatamente interrompida", comentou.
Questionado sobre a promessa não cumprida da Otan de que cada estado-membro gaste 2% do PIB em defesa por ano, algo com que Donald Trump presidente eleito dos EUA, se comprometeu, Georgescu disse que "isso é ultrasecundário".
"A preocupação do povo romeno é ser feliz. Eles não podem ser felizes gastando dinheiro em outras coisas. Se a Otan é defensiva, então ela deve permanecer defensiva. Eu acredito em uma coisa: a Romênia não tem obrigação com ninguém", acrescentou.
"Trump da Romênia"
Classificado pelo site Politico como "Trump da Romênia", ele deixou claro seu discurso nacionalista em entrevista ao jornal americano, na qual disse que pretende "recuperar o que foi privatizado e foi injustamente privatizado":
“Se hoje, como o povo romeno, eu pago pela água, você sabe onde eu pago? Eu pago para uma empresa francesa que não investiu, não contribuiu com um prego, mas arrecada o dinheiro. Eu também pago uma empresa estrangeira pelo gás natural. Eu também pago pela eletricidade de uma empresa estrangeira. Eu compro minha gasolina, minha própria gasolina, e onde eu pago? Também para um estrangeiro.”
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