Reunião foi marcada por atritos entre Braga Netto e Guedes por conta do plano Pró-Brasil
A reunião ministerial do dia 22 de abril, uma das principais provas do inquérito que apura a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, teve atritos entre o ministro da Casa Civil, general Braga Netto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, em torno do programa Pró-Brasil. O encontro havia sido marcado para a...
A reunião ministerial do dia 22 de abril, uma das principais provas do inquérito que apura a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, teve atritos entre o ministro da Casa Civil, general Braga Netto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, em torno do programa Pró-Brasil.
O encontro havia sido marcado para a apresentação do projeto. Nos primeiros nove minutos, o ministro da Casa Civil apresentou as diretrizes gerais da proposta e pediu apoio dos ministros. O programa idealizado pelo general e pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, causou a ira do ministro da Economia e de técnicos da pasta. Entre as iniciativas está a ampliação dos gastos com obras públicas, na contramão dos preceitos de Guedes.
O ministro da Economia foi o primeiro a falar após a apresentação do plano. “Eu queria fazer a primeira observação, é o seguinte: não chamem de Plano Marshall porque revela um despreparo enorme”, criticou Guedes, sem esconder a irritação com a proposta de Braga Netto e de Rogério Marinho. O chefe da Economia afirmou ainda que a China “deveria financiar um Plano Marshall para ajudar todo mundo que foi atingido”. Nesse trecho de menção à China, há uma tarja colocada pela equipe de Celso de Mello. “Não vamos nos iludir. A retomada do crescimento vem pelos investimentos privados, pelo turismo pela abertura da economia, pelas reformas. Nós já estávamos crescendo, alega Guedes”.
Para ele, o plano Pró-Brasil significaria “voltar uma agenda de 30 anos atrás, que é investimento público financiado pelo governo, isso foi o que a Dilma fez”. O ministro disse na reunião que tem “ministros querendo aparecer”. Sem citar nomes, Paulo Guedes afirmou que “não pode ministro, para querer ter um papel preponderante esse ano, destruir a candidatura do presidente, que vai ser reeleito se nós seguirmos o plano das reformas estruturantes originais”.
Guedes explicou que, com recursos públicos, o governo conseguiria investir, no máximo, 30 bilhões de reais. Com parcerias com a iniciativa privada, esse valor, segundo afirmou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, pode chegar a 250 bilhões de reais.
Nesse momento da reunião, o presidente Jair Bolsonaro interferiu e pediu que o conteúdo da reunião e detalhes de planos em elaboração pelo governo não fossem passados à imprensa. “Não pode falar nada. Tem que ignorar esses caras, 100%. Senão a gente não, não vai para frente”.
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