"Resta ao BC cumprir seu papel", diz Meirelles
"Os sinais da política fiscal não são favoráveis", alerta o ex-presidente do Banco Central às vésperas da última reunião do Copom em 2025
Ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (foto) deu seu pitaco às vésperas da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de 2025.
Para o chefe do BC nos dois primeiros governo de Lula, "a missão do Banco Central de levar a inflação à meta não permite relaxar na taxa de juros".
"Há sempre certa pressa, em especial na política, de cobrar do BC a redução dos juros após a divulgação de dados de crescimento menor e inflação mais baixa. Mas a velocidade do BC deve ser outra. Autoridades monetárias têm de observar a tendência num horizonte longo, sob risco de colocar a perder a estabilidade da economia", disse Meirelles em artigo publicado no Estadão.
Sinais ruins
Segundo o ex-ministro da Fazenda de Temer, "os sinais da política fiscal, com efeito, não são favoráveis".
"Na semana passada, o Congresso aprovou o Orçamento de 2026 com um superávit previsto de R$ 34 bilhões. No mesmo dia, no entanto, o Tribunal de Contas da União autorizou o governo a perseguir o limite mínimo de tolerância da meta fiscal este ano", destacou Meirelles, explicando:
"Nos números de 2025, a meta é de déficit primário zero, com margem de tolerância de 0,25 ponto porcentual do PIB para cima ou para baixo — ou seja, superávit de R$ 31 bilhões ou déficit de R$ 31 bilhões. O entendimento anterior era que o governo deveria perseguir o centro da meta, o déficit zero; agora, o TCU permite que o governo persiga o déficit de R$ 31 bilhões."
Alerta
Segundo o ex-presidente do BC, "há uma tolerância crescente com a expansão do gasto público" e "se a política fiscal é expansionista além da conta, a política monetária precisa ser contracionista, para manter a inflação sob controle".
Meirelles finaliza seu alerta assim:
"O entendimento do TCU livra o governo de problemas jurídicos, mas não livra a economia dos conhecidos riscos da expansão dos gastos públicos, em especial suas consequências no aumento da dívida pública. Resta ao BC cumprir seu papel de proteger a economia com o principal instrumento do qual dispõe, a taxa de juros."
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