Rei Charles vai ao Quênia, um vespeiro deixado pela sua mãe
Charles III, o rei dos britânicos, chegou nesta terça-feira (31) a Nairóbi, no Quênia — a nação no leste africano que se desligou do império então comandado pela sua mãe em 1963. Liderando um país de 49 milhões e uma das economias mais vibrantes de um continente ainda mais pobre que o seu redor, o...
Charles III, o rei dos britânicos, chegou nesta terça-feira (31) a Nairóbi, no Quênia — a nação no leste africano que se desligou do império então comandado pela sua mãe em 1963. Liderando um país de 49 milhões e uma das economias mais vibrantes de um continente ainda mais pobre que o seu redor, o presidente William Ruto recebe o monarca como parte das celebrações pelos seus 60 anos de independência. A sociedade queniana, no entanto, tem pendências prontas para ser colocadas à mesa.
A expectativa é que o rei reconheça, em pronunciamento, que o domínio britânicos sobre o território queniano causou perdas irreparáveis ao povo queniano, e peça desculpas formais à atuação no local. Há quem queira que os europeus se engajem em um projeto de reparações financeiras para familiares de descendentes de quenianos que foram torturados, mortos ou despejados de suas casas durante os 68 anos de ocupação.
Um dos casos que atormentam a memória coletiva queniana é a chamada "Revolta dos Mau-Mau", protagonizada por rebeldes pró-independência da etnia Kikuyu no país. Em 1952, quando Elizabeth II iniciava seu longo reinado, um grupo de rebeldes passou a atacar bases britânicas no país, exigindo acesso às terras férteis das quais haviam sido expulsos (pelos ingleses) e uma reforma no sistema de colonialismo.
Tropas britânicas foram enviadas ao país contra o movimento pró-independência para o que foi conhecido como "A Emergência". Oito anos depois, o saldo seria superior a 100 mil mortes de quenianos. Apesar da vitória, um enfraquecido Reino Unido não conseguiu contar o movimento independentista no continente, que levou Londres a perder quase todos os seus terrenos no continente, à exceção de duas ilhotas no Atlântico.
O Palácio de Buckingham já indicou que Charles, em seu discurso, deve reconhecer "os mais dolorosos aspectos" da história em comum entre os países. "Sua Majestade vai tomar o tempo para aprofundar seu entendimento sobre os danos sofridos neste período pelas pessoas do Quênia". Está prevista, ainda, a inauguração de um novo museu para a história do país, além de uma visita do monarca ao monumento pela independência.
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Comentários (2)
ANDRÉ MIGUEL FEGYVERES
2023-10-31 22:19:51É justo! A Inglaterra deve reparar o Quênia pelos danos que causaram aos quenianos. Charles tem que agir como um cidadão do século XXI! Todos os colonialistas têm que ajudar a África a evoluir em comportamento civilizado e justo, colaborando culturalmente e em tecnologia, saúde, ciências, etc...
Marcia Elizabeth Brunetti
2023-10-31 13:17:38Jantares e festas com famosos é bom, mas também tem que trabalhar Charles.