Sir Keir Starmer, durante comício do partido Trabalhista no País de Gales

Quem é Keir Starmer? Nem os britânicos sabem muito bem

25.06.24 11:09

Sem muitas dificuldades, o partido Trabalhista britânico deve vencer as eleições parlamentares do país no próximo dia 4 de julho — e Sir Keir Starmer (foto), um parlamentar que representa dois bairros na região central de Londres, deve ser alçado ao cargo de primeiro-ministro do país, substituindo Rishi Sunak.

O nome de Starmer ainda é desconhecido internacionalmente e, estranhamente, também é desconhecido dentro do próprio país. Um advogado de formação, Starmer tem 61 anos e se notabilizou por trabalhar nas negociações do Acordo de Belfast, que resolveu as disputas entre a Irlanda e a Irlanda do Norte e definiu a fronteira que acabou com a guerra entre as duas repúblicas. Ex-procurador-geral do país, desde 2014, é deputado do partido e desde 2020, é o líder da bancada, quando sucedeu a Jeremy Corbyn, de uma corrente mais à esquerda do partido.

Starmer não é uma figura conhecida por seu carisma — em recentes entrevistas, quando questionado sobre um único fato interessante em sua vida, respondeu que estudou violino na mesma sala que o músico Fatboy Slim. Isso, no entanto, tem importado menos ao eleitor britânico, que tem um objetivo mais claro em mente: tirar o partido Conservador do poder, praticamente a qualquer custo, não importando muito quem entre no lugar.

O atual primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak, deve carregar o partido a uma das piores performances em quase 190 anos de existência, onde mesmo a sua própria eleição como representante está em risco.

O descontentamento com as políticas de austeridade do partido (que levaram a um aumento no custo de vida, deterioração na assistência social e, principalmente, no invejado sistema de saúde britânico) levou a uma insatisfação tão popular grande que os conservadores correm o risco de cair da liderança para a terceira maior bancada, rompendo um antigo duopólio com os trabalhistas.  

Não que Starmer, o virtual substituto, tenha visões muito distintas: de uma ala mais ao centro dos trabalhistas, ele tem uma plataforma onde garante maior dureza com a imigração ilegal, assim como não deve desfazer as medidas de austeridade instaladas pelos conservadores. Ele ainda defendeu Israel sobre a guerra em Gaza, o que irritou parte da base do partido com visões pró-Palestina e eventualmente pró-Hamas.

O plano de governo apresentado por ele mistura uma esquerda macia com um centrismo macio: uma nova estatal cuidaria de descarbonizar a geração de energia até 2030 — sem o aumento de imposto. Há compromissos em taxar escolas privadas para financiar escolas públicas e redução na fila da saúde. Não há compromisso em taxação a ricos (algo que Corbyn, seu antecessor, pregava) e com o fim de uma política que garante assistência social apenas aos dois filhos mais velhos de cada família.

Há quem veja no discurso uma tentativa de apelar ao voto indeciso, parecendo palatável aos eleitores de direita saindo fora do barco conservador. Ele, no entanto, mantém seu discurso ensaboado: “Essa é a minha visão: um Reino Unido uma vez mais a serviço do trabalhador”, disse ele recentemente. “País primeiro, partido depois.”

Leia mais em Crusoé: Chance de vitória trabalhista no Reino Unido é de 93%

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