Quem é Hun Manet, o "bebê do nepotismo" da ditadura do Camboja
Um dos mais antigos ditadores do planeta, Hun Sen deixou o cargo primeiro-ministro do Camboja nesta terça-feira (22), passando o comando da nação de 16 milhões de habitantes a um sucessor depois de 39 anos no comando do país. O sucessor, no entanto, é ninguém menos que seu filho mais velho, Hun Manet (foto). O...
Um dos mais antigos ditadores do planeta, Hun Sen deixou o cargo primeiro-ministro do Camboja nesta terça-feira (22), passando o comando da nação de 16 milhões de habitantes a um sucessor depois de 39 anos no comando do país.
O sucessor, no entanto, é ninguém menos que seu filho mais velho, Hun Manet (foto). O militar se torna, aos 46 anos, um dos mais novos "nepo baby" (termo em inglês para "bebês do nepotismo") da política mundial.
Poucos fatos históricos ligam a memória dos brasileiros ao Camboja — o país é normalmente lembrado como o país do Khmer Vermelho, movimento socialista que sob o comando de Pol Pot, instalou uma sociedade agrária, igualitária e sem dinheiro entre 1976 e 1979, ao mesmo tempo que matava 2 milhões de pessoas em uma das ditaduras mais curtas e sanguinárias da história.
Quatro décadas depois e o país no sudeste asiático é mais lembrado por templos como Angkor Wat, que acabam entrando em alguns roteiros turísticos de quem vai à Tailândia. Politicamente falando, pouco mudou em Phnom Penh: o país continua sob uma ditadura de partido único, historicamente liderada por Hun Sen, ex-integrante do Khmer Vermelho.
Hun Manet, nascido durante os anos de genocídio de Pol Pot, era o comandante do Exército do país sob o governo do pai. Sob sua gerência, o país chegou a evitar uma escalada numa disputa de fronteira com a Tailândia, que poderia ter se transformado em uma guerra entre os países vizinhos. Apesar de sua atuação no comando militar, sua imagem nunca deixou — e provavelmente nunca deixará — de ser vinculada a Hun Sen.
Foi o pai de Hun Manet que aparelhou o partido a ponto de ter, sob seu controle, todos os 125 deputados e os governadores das 25 províncias do país. Após as eleições deste ano, Hun Sen anunciou sua aposentadoria e, com pouca surpresa, articulou a chegada do primogênito ao poder.
O país, um pouco maior que o estado do Acre, é um dos aliados mais próximos da China no sudeste asiático, e é nas relações entre os países que recai a maior expectativa sobre o governo de Manet. Tanto a democracias e ditaduras, a sucessão dinástica é comum na região: hoje, as Filipinas têm como presidente Ferdinand Marcos Jr., que governou o país com mão de ferro por 21 anos; o estado-nação de Singapura, lembrado como um paraíso dos negócios, tem o mesmo partido no comando há 64 anos, primeiro sob o comando do pai Lee Kuan Yew e, há 19 anos, do filho Lee Hsien Long.
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