Quantos cubanos ainda estão no Mais Médicos
O programa foi classificado pelo Departamento de Estado americano como um "esquema coercitivo de trabalho forçado do regime cubano"

O painel de monitoramento do Mais Médicos, programa classificado pelo Departamento de Estado americano como um "esquema coercitivo de trabalho forçado do regime cubano", aponta que 2.659 profissionais nascidos na ilha ainda ocupam vagas no projeto.
O número equivale a 10% dos 26.414 profissionais ativos no programa. No passado, eles eram 60%.
Dos médicos cubanos, 1.064 passaram pela prova do Revalida para obter registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) no Brasil, enquanto 1.593 são intercambistas.
Além de Cuba, outros quatro países da América Latina possuem profissionais ativos no programa: Bolívia, Venezuela, Paraguai e Peru.
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Por que não tem mais cubanos no Mais Médicos
Quando o presidente Lula (PT) anunciou o novo Mais Médicos, em substituição ao Médicos pelo Brasil, ele fez questão de enfatizar que os brasileiros teriam prioridade na ocupação das vagas.
"Ele (o programa) está voltando agora com um cuidado excepcional. Um cuidado muito grande. Nós queremos que todos os médicos que se inscrevam sejam brasileiros. Esse é um esforço comum da nossa ministra, um esforço comum do edital, de garantir que os médicos sejam brasileiros, formados adequadamente. Se não tiver condição, vamos querer médicos brasileiros formados no exterior. Ou médicos estrangeiros que trabalham aqui. Se não tiver, vamos fazer um chamamento para que médicos estrangeiros ocupem essa tarefa, porque o que importa para nós não é saber a nacionalidade do médico, mas a nacionalidade do paciente."
A prioridade dada aos médicos brasileiros salta aos olhos, principalmente porque foi a ditadura cubana que sugeriu e apresentou, ainda em 2012, o programa ao governo petista, segundo telegramas da Embaixada Brasileira em Havana, divulgados em 2018.
Como apontou Crusoé, a declaração de Lula sobre priorizar brasileiros tem várias explicações. A primeira é que o presidente pode ter entendido que a intensa campanha a favor dos direitos humanos dos médicos cubanos tenha fincado raízes na sociedade brasileira.
A segunda explicação pode ser de ordem jurídica. Quatro profissionais cubanos que atuaram no Brasil processaram a Organização Panamericana de Saúde nos Estados Unidos, em 2018. Eles acusam a entidade de montar um esquema ilegal para lucrar com o tráfico de pessoas e o trabalho humano forçado. Ao abocanhar 5% dos salários dos profissionais, a organização arrecadou 75 milhões de dólares ao longo de cinco anos. Basicamente, os burocratas da ONU lucraram com a escravidão daqueles que não têm como se defender.
Leia mais em Crusoé: Por que Lula não botou os cubanos no novo Mais Médicos
Revogação de vistos
O Departamento de Estado americano anunciou na quarta-feira, 13, a revogação de vistos de brasileiros e ex-funcionários da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) envolvidos no programa Mais Médicos.
Em nota divulgada no site oficial, dois nomes foram diretamente mencionados: Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, coordenador-geral para a COP30, ex-assessor de Relações Internacionais do Ministério da Saúde e ex-diretor de Relações Externas da OPAS. A decisão se estende aos familiares.
Eles são acusados de participar do planejamento e da implementação do programa, classificado pelos EUA como um “esquema coercitivo de trabalho forçado do regime cubano”.
“Como parte do programa Mais Médicos do Brasil, essas autoridades usaram a OPAS como intermediária com a ditadura cubana para implementar o programa sem seguir os requisitos constitucionais brasileiros, driblando as sanções dos EUA a Cuba e, conscientemente, pagando ao regime cubano o que era devido aos profissionais de saúde cubanos. Dezenas de médicos cubanos que atuaram no programa relataram ter sido explorados pelo regime cubano como parte do programa.
O Departamento revogou os vistos de Mozart, Júlio Tabosa Sales e Alberto Kleiman, que trabalharam no Ministério da Saúde do Brasil durante o programa Mais Médicos e participaram do planejamento e da implementação do programa. Nossa ação envia uma mensagem inequívoca de que os Estados Unidos promovem a responsabilização daqueles que viabilizam o esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”, diz trecho da publicação oficial.
Leia mais: Quem é o ex-funcionário da Casa Civil que perdeu visto americano
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Comentários (2)
ALDO FERREIRA DE MORAES ARAUJO
2025-08-14 10:47:22O Programa Mais Médicos foi criado para ajudar a ditadura cubana, a notícia vazou e abriram também para outras nacionalidades, mas a maioria ainda ficou com a mão de obra fornecida pela ditadura que abocanhava entre 75 a 85% dos ganhos, e mesmo da parte que cabia ao médico, a maior parte ficava depositada na ilha, fugiu, perdeu. Se isso não é trabalho forçado, o que é? Só a petralhada fanatizada, os ignorantes e alienados não vêem isso.
Marcia Elizabeth Brunetti
2025-08-14 10:26:39O Programa Mais Médicos nunca me foi confiável. Querem ajudar Cuba? O caminho é acabar com aquela ditadura que só petista acha lindo.